terça-feira, 27 de maio de 2014

BLOGUEIROS E ATIVISTAS DIGITAIS

Confira a Carta do 4º Encontro de Blogueiros e Ativistas Digitais



A quarta edição do Encontro de Blogueiros e Ativistas Digitais, que ocorreu entre 16 e 18 de maio, em São Paulo, reuniu 400 participantes de 24 estados do país para discutir temas como a democratização da mídia, novas formas e tecnologias da comunicação, além das experiências da blogosfera no Brasil.



O evento contou com a participação de Lula e de diversos debatedores nacionais e internacionais. Em sua fala, o ex-presidente declarou-se militante da democratização dos meios de comunicação do país, comprometendo-se a tratar a pauta como prioridade em todas as suas entrevistas e aparições deste período em diante.

O #4BlogProg teve transmissão online feita pela TVT e reproduzida por diversos blogs e portais. De acordo com a equipe técnica, foram mais de 10 mil acessos logo no primeiro dia do Encontro.

Confira a íntegra do documento oficial do evento, a Carta de São Paulo:

Carta de São Paulo do IV Encontro Nacional de Blogueiros e Ativistas Digitais
Quando o poder da grande mídia,
Transforma verdades em mentiras
Aliena do campo às cidades,
Na espreita, covarde, ela insidia.
Desleal, desinformada e é perfídia,
Que massacra nosso País inteiro.
Mas esquecem que somos um celeiro.
Combatentes nas redes sociais,
Não tememos a mordida dos chacais,
Me apresento com orgulho, sou Blogueiro!
(Zé do Legnas, blog Notícias de Pentecostes/CE)




“Intensificar a luta pela regulação democrática da mídia e pela liberdade de expressão.”
Com a participação de 399 ativistas digitais de 24 estados da federação, além de milhares de pessoas que assistiram à transmissão do evento online (e ao vivo) pela TVT, realizou-se nos dias 16, 17 e 18 de maio, em São Paulo, o IV Encontro Nacional de Blogueir@s e Ativistas Digitais. O evento confirmou que a blogosfera e as redes sociais ganham musculatura e maior legitimidade no Brasil, apesar de todos os obstáculos à ação desta nova forma de militância digital.

No embate de ideias na sociedade, a blogosfera faz hoje o contraponto ao pensamento único da mídia monopolizada, e abre, assim, espaço para os movimentos sociais. As eleições de 2010 consolidaram essa importante trincheira na disputa pela hegemonia nas comunicações. Não é para menos que os barões da mídia e os setores conservadores, com o seu autoritarismo e seu histórico desrespeito ao contraditório, atacam de forma tão virulenta a blogosfera. O ativismo nas redes sociais também revela sua capacidade de mobilização, como ficou patente – apesar das inúmeras contradições e disputas – nas chamadas “manifestações de junho de 2013”.

Também é preciso denunciar as intenções de usar o ativismo digital como pretexto, em muitas partes do mundo, para operações de ingerência e de intervenções estrangeiras. Não permitiremos que um movimento legítimo, que luta por direitos digitais e de comunicação, seja manipulado por interesses imperialistas que visam desestabilizar governos legítimos.

Além dessa militância, que se realiza em rede, de forma horizontal, a blogosfera brasileira busca caminhos para uma ação mais coesa. Sempre respeitando as diferenças próprias deste universo amplo e plural, o esforço é para construir a unidade na diversidade, encontrando pontos de ação conjunta. Isto explica o fato sui generis de o Brasil já ter organizado quatro encontros nacionais de blogueiros e ativistas, e de ter realizado um evento internacional, em 2011, em Foz do Iguaçu (PR).

Graças a essa ação, e unindo-se a outros setores organizados da sociedade, os ativistas digitais deram sua contribuição para a importante vitória da aprovação do Marco Civil da Internet, que garante os princípios da neutralidade da rede, da privacidade e da liberdade de expressão. A blogosfera também somou forças às entidades que compõem o Fórum Nacional pela Democratização da
Comunicação (FNDC) em defesa do Projeto de Lei de Iniciativa Popular (PLIP) da Mídia Democrática.

Essas e outras iniciativas, porém, ainda não garantiram avanços mais significativos na democratização da comunicação. O Brasil ocupa o posto de “vanguarda do atraso” nesse setor. Em todo o mundo, o debate estratégico sobre o tema avança. Aqui, porém, ainda patina. Diante dessa realidade, o IV Encontro Nacional de Blogueiros e Ativistas Digitais aponta os principais desafios do próximo período:

1 – Intensificar a pressão pela regulação democrática da mídia no Brasil, que proíba os monopólios e a propriedade cruzada, garanta a complementariedade dos sistemas privado, estatal e público, estimule a diversidade e a pluralidade informativa, entre outros pontos já inscritos na Constituição Federal. Aproveitar a campanha eleitoral deste ano para multiplicar os debates sobre esse tema, com a realização de um ato nacional, e para exigir o posicionamento dos candidatos. Ampliar a divulgação da campanha Para expressar a liberdade, liderada pelo FNDC, para aprovação do PLIP (Projeto de Lei de Iniciativa Popular) da Mídia Democrática. Promover, nos principais centros das grandes cidades, diversos tipos de ações culturais para conscientizar a população sobre a necessidade da aprovação da nova lei.

2 – Acompanhar o andamento e manter a pressão permanente sobre o Congresso Nacional e o Governo Federal pela imediata regulamentação do Marco Civil da Internet, denunciando as operadoras de telefonia e outros setores empresariais que já tentam anular a conquista da neutralidade da rede. Pressionar, principalmente, pela retirada do artigo 15 do Marco Civil da Internet, com o objetivo de proteger a privacidade dos usuários.

3 – Exigir que o Governo Federal faça a convocação da 2ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), ainda no ano de 2015, sendo a etapa nacional precedida de etapas regionais e estaduais, nas quais serão eleitos delegados representantes da sociedade civil e delegados representantes do poder público.

4 – Criar mecanismos para dar mais visibilidade à participação feminina na blogosfera e no ativismo digital, estimulando o compartilhamento dos conteúdos produzidos pelas mulheres. Incentivar os blogueiros e ativistas digitais a também abordarem temas da pauta feminista, fortalecendo a luta pela emancipação delas na sociedade.

5 – Reforçar as denúncias contra a perseguição à blogosfera e aos ativistas digitais, que cresce no país através de agressões físicas, ameaças e, principalmente, por meio da censura pela via judicial. São incontáveis os processos que visam asfixiar a liberdade de expressão na rede. Estudar mecanismos para amplificar as denúncias, inclusive em fóruns internacionais, e para garantir auxílio jurídico às vítimas dessa violência, contando para isso com o apoio de entidades como a OAB - Ordem dos Advogados do Brasil.

6 – Com base na premissa da unidade na diversidade, e sempre atuando em rede, de forma horizontal, promover esforços para aumentar a organicidade da blogosfera. Inclusive com a realização de cursos de formação do movimento de blogueiros e midialivrista, e compartilhamento de informações sobre o uso de novas tecnologias. Estabelecer 2015 como o ano dos encontros regionais e estaduais de blogueiros e ativistas digitais.

7 – Reforçar as articulações com blogueiros e ativistas digitais da América Latina e Caribe, visando a realização de um seminário regional. A região tem sido vítima de violenta ofensiva dos barões da mídia, que tentam desestabilizar governos democraticamente eleitos e impor projetos de neocolonização dos EUA. A troca de experiências e coordenação entre os ativistas digitais da região é fundamental para fazer o contraponto a essa ofensiva.

8 – Defender a soberania tecnológica, o desenvolvimento e a utilização de plataformas livres e colaborativas, fundamentais para o exercício da liberdade de expressão e a democratização do acesso, produção e distribuição de informação. Numa sociedade onde grandes corporações e potências imperialistas, principalmente EUA e Inglaterra, espionam, vigiam e cerceiam a circulação das informações, isso é fundamental. Estabelecer a defesa da privacidade e da neutralidade da rede, nos moldes do Marco Civil da Internet recentemente aprovado pelo Congresso Nacional - referência mundial de legislação avançada para o setor.

9 – Defender a aprovação, pelo Congresso Nacional, do Projeto de Lei 4.653/2012, que anistia blogueiros e ativistas virtuais em função de multas eleitorais. Defesa esta que deverá ocorrer por meio de ações como campanhas, audiências públicas, entre outras formas de intervenção da sociedade civil.

10 – Criar um grupo de estudos para avaliar a viabilidade de um portal progressista de notícias, alternativo aos grandes portais, com serviço de e-mail, onde seriam hospedados todos os blogs da blogosfera progressista.

11 – Defender a universalização da banda larga de alta qualidade e baixo custo. Para isso é importante que a blogosfera participe e reforce a divulgação da campanha Banda Larga é um Direito Seu, cujo material está disponível no site www.campanhabandalarga.com.br.

12 – Incorporar à pauta do movimento BlogProg a campanha Mostra o DARF, Rede Globo, através das redes e nas ruas. O objetivo é pressionar a TV Globo a provar que pagou os mais de R$ 600 milhões que a empresa é acusada de sonegar à Receita Federal. Trata-se de fato grave, revelado pela blogosfera e com ampla repercussão nas redes sociais, mas praticamente ignorado pela imprensa conservadora. Um exemplo do moralismo seletivo que domina a velha mídia e o Poder Judiciário brasileiros. É preciso exigir que todos os corruptos e sonegadores sejam punidos pela Justiça.

13 – Realizar coleta de assinaturas em favor da Constituinte Exclusiva da Reforma Política, e apoiar o projeto elaborado pela sociedade civil para uma Lei de Reforma Política - que estão sendo propostos nacionalmente pelos movimentos sociais. Além disso, impulsionar debates nas comunidades, universidades e sindicatos, para ressaltar a importância dessa campanha.

14 – Estudar a criação de um observatório sobre tecnologia para aperfeiçoar técnicas e recursos que melhorem a ação nas redes sociais.

15 – Reivindicar, junto ao Conselho da EBC, que a Empresa Brasileira de Comunicação passe a agregar informações produzidas pelos blogs progressistas, e também pelos sindicatos e movimentos sociais, no seu clipping diário. Sugerir que esse material seja disponibilizado para todos os órgãos públicos da administração federal.

16 – Condenar o julgamento político-midiático em que se transformou a AP 470. Apoiar todas as iniciativas (inclusive a produção de material informativo e guia de orientação sobre a referida ação) que ajudem a desmontar a farsa - imposta ao país com ajuda da velha mídia e de setores inescrupulosos do poder Judiciário.

Fonte: Barão de Itararé

sábado, 22 de março de 2014

Série Presidentes da África



Série Presidentes da África­


 Apresentada pelo jornalista Franklin Martins, em estreia inédita através da Rede Bandeirantes, a série Presidentes Africanos, produzida pelo Cine Group,  retrata as transformações de um continente que vem crescendo a taxas econômicas expressivas e construindo um ambiente de democracia e paz, como revela as reportagens e entrevistas realizadas com os presidentes de Angola, África do Sul, Congo, Moçambique e Nigéria.

Com um conteúdo inédito, a série traz um programa de TV que consegue reunir e entrevistar presidentes africanos, incluindo alguns que há tempos não se comunicavam diretamente com a imprensa, assinala o jornalista.
Na grade de programação encontra-se o detalhamento da apresentação dos seis episódios, cada um com a duração de 30 minutos, num total de 2:30 hs da série completa e uma abertura de 2:35 minutos, divulgados em outubro e novembro de 2013. 

Explora com riqueza de detalhes a história, a cultura e os potenciais de cada país e divulga reportagens especiais mostrando a caminhada da África em busca da construção de um ambiente democrático e de paz, com cuidado e preocupação em contextualizar o telespectador através de mapas e informações didáticas, num jornalismo competente e afirmativo demonstrado nas entrevistas conduzidas pelo Franklin Martins. 

As imagens revelam a beleza e pujança de um continente considerado o berço da humanidade. Dividida por países, a série resgata a essência de cada uma das cinco nações africanas e convida os telespectadores para uma  viagem em companhia de um dos mais importantes jornalistas do país. Além das entrevistas, que trazem percepções e expectativas de cada presidente , o programa traça uma linha cronológica com informações históricas, geográficas, políticas, sociais e culturais de todos os países, contextualizando-os no cenário sócio-econômico atual.
 
A produtora responsável pela série,  a única produtora brasileira com filial na África, contou com a experiência de seis anos no continente para produzir um conteúdo chancelado pelo depoimentos de cinco presidentes: José Eduardo dos Santos-Angola; Jacob Zuma-África do Sul; Armando Guebuza-Moçambique; Goodluck Jonathan-Nigéria; Joseph Kabila- República Democrática do Congo, além de líderes políticos, sociais e historiadores.

“ Logo o mundo vai ver uma Africa que sabe tomar conta de si mesma, que vai produzir muito e terá um papel importante para o mundo” diz Goodluck Jonathan, presidente da Nigéria, durante entrevista apresentada no primeiro episódio da série.

Presidentes Africanos é convidativo e instigante. Surpreende o público chama atenção para um continente que tem superado as barreiras da opressão por meio da corrida em busca da democracia e da paz. Um continente sobre o qual há muito pouca informação na televisão brasileira, embora o Brasil seja o país com a segunda maior população afro-descendente do mundo, depois da Nigéria.

P.S_ A seguir duas séries disponibilizadas no youtube, Presidentes Aficanos e Mulheres Africanas ( a segunda série comentaremos no próximo post).

. http://youtu.be/dRc0LN2YKJA 
 
 





quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

La Cinémathéque Française. Exposition PASOLINI ROMA.


La Cinémathéque Française. Exposition PASOLINI ROMA.

 

Há uma máxima popular que diz: quem tem boca vai a Roma.

Pois bem, escolhi por designação dos orixás que me protegem, visitar a Cinémathéque Française com o propósito de buscar dados para estudos e pesquisas que venho apresentando neste Blog http://www.stelalmeida.blogspot.com, desde 2007. A data foi a mais significativa que encontrei no calendário_ 06 de janeiro de 2014 _ e somava-se à possibilidade da presença e companhia da qualificada e gentil professora de francês que além de conhecer com proficiência o idioma, tem larga experiência com a cultura e costumes parisienses.  Com este propósito dirigi-me à 51rue de Bercy, 75012 (1).

O programa disponibilizado, de dezembro de 2013 a fevereiro de 2014, apresenta variado e seletivo conjunto de atividades permanentes, desde a visita às coleções do museu, da biblioteca dos filmes, dentre outros, aos programas regulares que incluem informações sobre a história do cinema e às exposições, retrospectivas e reencontros com os mais expressivos autores e cineastas que constituem a memória do cinema no mundo.

Destaco a exposição PASOLINI ROMA, um primor de trabalho cuidadoso e sensível, com uma obra que merece ser revisitada. Pasolini foi um dos maiores artistas do cinema moderno. Sua obra nasceu de suas experiências de poeta, escritor, dramaturgo cronista e cineasta de primeira ordem.

                            Pasolini Roma, l’exposition.

Cinéaste de premier ordre, Pier Paolo Pasolini fut aussi, poete, linguiste, romancier, dramaturge, peintre intimiste et homme engaje. Il fut l’un des intellectuels les plus actifs et l’un des personnages les plus controversies de la sociéte italianne d’après-guerre (2)

A exposição propõe um percurso cronológico a partir da chegada de Pasolini a Roma em 1950, e explora os sítios e locais da periferia, passando pelas relações de amizade do cineasta com os poetas e intelectuais de sua época (Elsa Morante, Alberto Moravia,..., a poesia, a política, o sexo, a amizade, o cinema. Apresenta numerosas fotografias, arquivos, documentos, extratos audiovisuais, pinturas e desenhos desconhecidos realizados por Pasolini, assim como, as obras de artistas italianos, que fazem eco à sua obra e sua visão de Roma, marcando o seu percurso.

 

Pasolini fut l’un des plus grands artistes du cinéma modern. Son oeuvre, nourrie de ses expériences de poete, romancier, dramaturge, croniqueur, jette um regard à la fois lucide et sensualiste sur um monde en pleine mutation, ravagé par la modernité mais confronte au pouvoir des mythologies (3).

 

Polêmico e anti-fascista visceral , Pasolini analisa com uma rara acuidade a evolução da sociedade italiana dos anos 50 aos anos 70. Sua obra literária e seus escritos políticos, seu cinema, propõem um olhar lúcido sobre o mundo em plena mutação. D’Accattone, em 1961, à Salò e os 120 dias de Sodoma em 1975, Pasolini constrói uma obra incandescente e radical. Trinta e oito anos após sua morte, a visão que ele tinha de seu país é hoje a mais atual para os italianos, e esclarece, largamente, o futuro nas sociedades européias. Roma foi o principal combustível desta incrível energia de criação e de intervenção que Pasolini desenvolveu durante seus vinte e cinco anos de vida artística e pública (4).

 

Não há como visitar esta exposição e não se emocionar. Além da observação da energia criadora e da produção crítica e mobilizadora pasoliniana, as imagens de Pasolini com sua mãe e amigos nos fazem ressignificar o valor da memória afetiva e da memória do cinema, nas diversas dimensões  que o constituem, dentre elas: a amizade, a literatura, a política, o amor, o sexo e a poesia.

Por questões meramente técnicas, vou adicionar apenas três fotos. O arquivo Ipad com as demais fotografias ainda não foram baixados neste HD. Faço isso logo tenha condições.
Foto01.   Em direção à Cinémathèque Française.


 (clic na foto se quiser ampliar)

Foto 02.  Place des Vosges, flâner em direção à Cinemathéque Française.

( clic na foto se quiser ampliar)
 

 
Foto03. EXPOSICION PASOLINI ROMA

 


 
 

NOTAS

(1)  Agradeço à Professora Zuleide Cardoso Cavalcanti a competente e qualificada presença na visita à Cinémathéque Française, Merci Mademoiselle!

(2)  La Cinémathéque Française. Programme décembre ’13 février ’14.

(3) La Cinémathéque Française. p. 5.

(4) Tradução livre do Catálogo da Exposição.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Imagens enviadas por ativistas digitais, dezembro de 2013.

 
 
 
 
 
 
 
Dezembro de 2013.
 
 
Fotos enviadas, via facebook, por ativistas digitais, mostram aspectos da cultura de um país devastado pela guerra, mas que mesmo assim, conseguem demonstrar leveza e ternura. Campo de refugiados no Afeganistão. ( clic na foto para ampliá-la).








Vale Sagrado, Peru.

 
 
 
Foto: Vale Sagrado, Peru. Arquivo pessoal, foto enviada por e-mail.
 Dezembro de 2013. (clic na foto para ampliá-la)
 
 
 
 
 
 
 
 

Por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político.


















Foto: WEBFOR2013. Ceará-Fortaleza/2013.

Foram muitas as ações no ano de 2013.
Escolhi apenas esta foto num gesto simbólico, para comunicar a participação nos vários encontros, reuniões e rodas de conversas para discussão das Políticas Públicas e Democratização da Comunicação. Na impossibilidade de postar todos os debates e textos que resultaram destes eventos, registro esta foto, minha e do companheiro Jonicael Cedraz, no WEBFOR2013,  desejando que o WEBFOR2014 traga  momentos de reflexão e de transformação das políticas públicas. Saravá!!



MISTRAL. Texto de Luis Serguilha.






O BLOG http://www.stelalmeida.blogspot.com/  tem a honra de publicar hoje o texto de Luis Serguilha. Uma ótima leitura, confira!

 

MISTRAL ( do livro KOA’E)

 

Os degraus circundantes dos rochedos-pianistas recompõem as encruzilhadas das câmaras meteorológicas e os guardiões dos pianos-fortes, a exposição dos perfumes-da-vertigem narra e afronta a termodinâmica dos nomes albergados nos calendários tectónicos (dizem ser os sulcos libidinais do sol-vulcânico): a irreversibilidade das arenas-do-delírio despoja os predadores-seminais entre as pegadas das vertentes maternais, a silabaria elementar das estacas voadoras pigmenta os oráculos dos estômagos estelares, rusticidade-dos-eixos-imaginários sob os dançarinos das árvores-libertas-de-gêlo: as desventuras dos olhares-dos-glaciares são dentes fulgurantes da terra-divina-verbal-terra a trabalharem a incandescência milenar dos alvos-das-escoriações-das-correntes-do-vento entre os joelhos crepusculares das técnicas de caça e os mercadores-policromos das amoreiras: a perspectiva-dos-fragmentos de Godard e as abreviaturas-das-armações-dos-nómadas de Kusturica atingem a blusa iridescente do coração-da-tempestade, as bússolas desidratadas esgrimem um alpendre invisível na mensurabilidade da superfície que descruza as corolas-das-primeiras-aprendizagens como um nó desfocado da ave a lavrar as estratégias anfíbias da dor do DEVIR: colo extraído das mulheres-das-janelas prematuramente amordaçadas pela velocidade das porcelanas da luz:

os fios indecifráveis dos olhares-minerais fragmentam as ressonâncias imprimidas nas respirações nocturnas dos pássaros: as distâncias dos helicópteros-teares escondem a vegetação-dos-viadutos porque dedilham as coincidências dos mugidos das esfinges entre os formigueiros de ar e a apoteose dos mapas do historiógrafo, as simples algibeiras das lãs das bicicletas terrestres estagnam os interstícios das chuvadas-dos-aérodromos-das-bifurcações-mutáveis onde o borbulhar indivisível da tarde-das-execuções-dos-estomas entra profundamente no pressentimento das salinas-dos-percursos-alternativos como um enxame-anguloso nos decibéis dos búfalos a delimitar os candeeiros das casas-da-metamorfose: provisórias dissemelhanças dos espasmos-das-clarabóias a encarcerarem os reflexos das instantâneas gargantas-das-feras, Schoenberg: motores das vésperas iluminadoras entre as escamas inomináveis das orquestras: os refúgios-moleculares das suburbanas iluminuras chapinham as exclamações dos corredores-dos-viajantes e tudo se separa na caligrafia envidraçada das industrializadas abelhas: TRANSFIGURAÇÃO dos tentáculos voadores_____________ Lautréamont sob os olhos-das-lâminas que embalam os vapores das pontes subterrâneas como minúsculas persianas dos simulacros a estilhaçarem o soro das madeiras-radículas-do-chamamento, as asas-das-artérias-das-faíscas são uniformemente mastreadas pelo petróleo das sombras de Fritz Lang, os mármores das manjedouras navegam nos rebordos-da-exaustão das cancelas-espasmódicas que devoram as hélices dos instrumentos da translucidez, jugos metálicos na origem das sondagens dos ângulos/pulsos-das-tentativas do firmamento, as luzes das traqueias alfandegárias adubam a desarrumação dos apeadeiros-dos-bois até às simulações dos trombones magmáticos:


acumular os espontâneos esmeris nos barulhos subterrâneos dos esquifes e as bacias-dos-peixes-da-autenticidade trepidam em debandada na epopeia dos hospitais dos gladiadores-de-tentáculos: alfabeto desmemoriado das hiantes casas-dos-lobos-da-geografia, um cântico-das-extremidades é interrompido pelas transições da penúria do cobre da sonolência, os êmbolos-dos-diques-da-barbárie tentam descer até às sentenças das improvisadas tonas das escalas/lenhas-glandulares-dos-seres para assistir à viuvez dos arcos-boreais de Saint Pierre: ligar o balouço hemorrágico do coração-dos-rebanhos às taças musgosas do vocalismo das intempéries que desvendam os fósseis das antropomorfias na orgia dos luzeiros-dos-pântanos-de-arribação: as poses nómadas das esmeraldas-dos-gigantescos-semáforos são espremidas pelos espaldares ininterruptos dos insectos de Franz Kafka onde se constrói um regaço oblíquo de ligaduras-de-flechas sobre a primeira prenhez dos frutos: as tapeçarias das germinações fotografam o trabalho-ócio das chispas dos poços-das-iguanas: eléctricas heras a emborcarem as fissuras citrinas dos insectos nos ofícios milenários: os fornos cromados de dentaduras aparam a salsugem-das-rugas-dos-alguidares que esvoaçam nos seixos dos abismos-urbanos, ilustrações dos cais derramadas nas lengalengas secretas dos arquitectos-chacais, procurações-telegráficas sopradas pelos cadafalsos dos favos-dos-arabescos e as luzes das colcheias vergastam as edições das sementeiras como os ímanes dos minúsculos açudes a injectarem as vogais das lebres acossadas nas naves-arco-íris dos Sonhos de Akira Kurosawa:

 

os braços glaciares estocam os parênteses das trombas entardecidas pelas fotografias imprevistas das janelas, obsessivos viajantes a naufragarem  no abandono apurado da floração (dádivas transgressoras dos olhos-dos-pântanos-de-outras-colecções): os historiadores das ardósias confessam o endereço da flecha-dos-abecedários nos insectos rutilantes dos balneários, as ramificações das cisternas dos utensílios repetem-se nos dormitórios dos motores-das-montanhas (a erecção irrecuperável das lanternas dos estábulos diante dos Cavalos do Significado): os zumbidos dos roteiros das fábulas são coreografados pelas pausas dos barqueiros proverbiais de Merce Cunningham, os carpinteiros-néons das janelas desentranham cinematograficamente as barbatanas de outras janelas onde as gemas das tecedeiras astrais absorvem as palmadas giratórias do aguaceiro: celebridade das estilhas a despojar os atilhos da obliquidade dos respiradouros: os contrastes instintivos dos soalhos solicitam a queimadura dos frutos e os cavadores das coincidências entre os talos dos secadouros nocturnos: os harmónios sibilinos das câmaras-da-astronomia anotam o vidro do desregramento na crispação das pistas do sangue das últimas corujas, os contrafortes dos formigueiros atravessam os golpes elípticos dos canaviais como a voluptuosidade do incêndio azul a fundir-se numa invasora jangada (A jangada das medusas): ramificar uma casa de águas com as protecções-membranares do ancoradouro: os bandos embriagados-da-linguagem ascendem das baforadas imberbes-insondáveis, imprevistos armistícios-dos-estilhaçamentos onde os vasos sanguíneos dos pássaros resplandecem abobadados nas fronteiras alucinadas das árvores: as inexpugnáveis raízes dos corvos fecundam as batalhas das trevas (Dario Argento nas avenidas-dramáticas do electrochoque) no vaivém das amêndoas crepusculares (iluminuras das especiarias orientais de Yasujiro Ozu): as enormes pupilas das margens equilibram-se nas reentrâncias dos estigmas da claridade (expatriação das fábulas interiores de La Fontaine):

 

bordar o isolamento dos nomes-das-cisternas-cartográficas com as trajectórias dos despojos siderais, a percussão dos olhares galopa entre as mandíbulas das soleiras e os oradores-de-tempestades enlaçam-se nas matrizes resgatadoras das nitescências onde uma rosa de gelosias-caminhantes maneja os resíduos das criaturas-das-eclosões (nadadoras-de-intersecções concentradas nos ceifeiros da outonal poeira das espécies): a culminância dos olhos-poemáticos trespassa a ressaca-arterial dos tigres e os sobressaltos das mãos-lactíferas atrelam-se à envergadura visionária-magmática dos arquitectos para projectarem as harpas estagnadas das habitações nos lavadouros inaugurais das ervas itinerantes: as palpitações cinematográficas das pálpebras de Lars Von Trier transformam-se na ironia dos cavalos verdes para voarem nos cercos eléctricos da dramaticidade: tenebrosas portam a meteorizarem os gladiadores da sombra – Dançando no escuro (vestíbulos vertiginosos nas síncopes do iodo-das-talhadeiras-rizomáticas): inesperados flancos-faunísticos na reclusão dos pirilampos fundadores dos olhos-esgrimistas (caligrafia provisória das dunas restituidoras das veias loucas numa batida altíssima e policromática): entontecer a cantaria dos criadores nas modulações das cúpulas dos sacrifícios que se perdem com os ofícios dos séculos-do-sangue-das-crinas-marinhas, as bolhas indomáveis dos dedos evaporam-se acrobaticamente nas nascenças-da-vertigem do rosto-universal, a arena-dialógica estiola ao descerrar o tempo fragilíssimo num gigantesco peixe de cobre que ensanguentou a mutação dos lábios-do-relâmpago numa cascata de anémonas-boomerangues: encontrar a murmuração das ossaturas das falésias para combinar as iluminações dos pássaros nas bocas dos fungos ardilosamente fascinantes: as vigas do corredor incomensurável demarcam-se nos biombos de luz como um balanço cortante das inexploradas ruínas, pressurosos asilos a fecharem-se secretamente nos adoráveis peitos do nevoeiro e todas as bocas de água embrulham os holofotes na solidão de uma Morte em Veneza

 

as reminiscências das orlas desaguam nas ciências das raízes-dos-bichos, as mitoses das habitações fulminam-se nos órgãos das palavras de García Lorca ao desmantelarem a vestimenta das vertigens e a inoculação geológica dos papiros: batimentos esfomeados dos dardos na folhagem nocturna: os sopros dos comboios vegetais desatam estranhamente as bebedeiras alienígenas da luz, as chaves-das-janelas-das-arenas-universais memorizam os bandos-dos-cânticos que se mudam secretamente sobre as cepas centrífugas dos caçadores fabulados: rastos ampliados pelas enxadas-de-silêncio dos pássaros como cachimbos de Magritte a advertirem a geometria indomável dos acusadores das estações das fluorescências meridionais: os rinocerontes-do-espanto ressuscitam os desvios das lâmpadas-placentárias entre a elasticidade das sapatas das sombras e os rebanhos-fotovoltaicos da hemoglobina: pulsionalidade dos batedores-mamíferos a predominar nas devastações da hidra, o paladar venenoso das marchas-da-hereditariedade ressalta nas alergias dos labirintos e os rochedos-dos-ritualismos são tremendamente sazonados pelos patins das germinações da busca-perdida: as conjunções-purificações da paisagem reflectem a utilidade dos embaimentos na significação libertadora dos frontispícios solares onde os centros perseguidos das fecundidades instintivas são distribuídos pela paralisação dos moscardos (Quatro moscas sobre o veludo cinza): alvoroços das cabeças dos espelhos: as faíscas do leopardo desalojam-se nos relógios viscerais ao oxidarem os laboratórios neutros do chão-transcorporado: integridade secreta da andorinha-libertária no entendimento dos volúveis rodopios da gestação-fantasmagórica, jangada hábil da hesitação a interiorizar as cenografias da adolescência das marés que paralizam as armadilhas dos teatros astrológicos:

 

o sabor-delírio prenhe doutros sabores-das-clarabóias oferece uma cor-das-labaredas às ameixas-zoológicas que resvalam nos atalhos do corpo-bosque-em-deslocação: as menstruações dos chifres dianteiros esvoaçam exclusivamente no reflexo do manancial transmutador das laranjeiras do abismo, plenitude extranatural dos membros respiradores de candeias, uma mordedura na sonoridade telúrica, Mikis Theodorakis a descrever as pálpebras dos sinos intrínsecos que nimbam as inflexões dos mantos seculares conservados nas raízes caçadoras de janelas-mós: cânticos estagnados no rodopio das devastações das bandeiras: os meridianos dos idiomas imperecíveis ferem-se ao rasarem no oásis das células mamíferas, gargantas de crisântemos a recuarem até à morosidade da asfixiante argila-dos-camaleões como a água sobre a água na golfada hirsuta das doações-debaixo-das-crisálidas-lucíferas: acolher o utensílio mais espesso da antiguidade nas sibilas planetárias para iluminar a sufocação dos pequeníssimos rios na turfa musical dos pousios: os abalos das florações nocturnas rastejam uníssonos nos arcos-de-canela-expansiva, os fungos violentos certificam as barcas culminantes nos embarcadouros-microbianos que glorificam o esgotamento dos caudais nas escotilhas da luz: compensar o esgotamento das litanias nas inovações dos cruzamentos-quiméricos: proximidade extasiada do umbigo cosmopolita das povoações, uma constelação de cerejeiras urbanas aprova as correspondências das estátuas trágicas/pensativas/enamoradas de Rodin e os esguichos penetrantes dos MOCHOS-OFTALMOLÓGICOS conquistam as curvaturas ininterruptas da voluptuosidade dos caiadores: o lodo vulcânico estrangula as gigantescas transmudações das MARGENS-que-batem-nas-rosáceas-dos-peixes e o hermetismo vingativo das galerias entrechoca com os tímpanos sonâmbulos da germinação: hidratar lunarmente a ciência duma abelha nómada: turbilhão de lanhos selvagens nas carótidas das cidades-das-árvores, caminhos ininteligíveis acesos nos pulmões gravitacionais onde os espelhos das tangerinas uivam como uma plúmula vociferante nas garras metalúrgicas, mármores e candeeiros a deslocarem-se na boca medicinal do êxtase: as pétalas ressoantes das tecedeiras sublevam-se sobre as falhas das idades das espécies e a estação das flechas rompem as equivalências impressas na laranja da astronomia: os archotes da garganta primordial invadem os veios duma paragem de boomerangues celestes, a matéria da imobilidade demite-se nas vulvas sonâmbulas da calçada, as aves sinistras de Allan Poe enxutam as profundidades dos aposentos porque tentam copular os faróis das pedras do vocabulário: ociosa artéria da existência a pulverizar o galope dos casulos mediterrâneos para receber a convergência púrpura das mãos-de-todos-os-lugares: dorso FEÉRICO do mistério, ancas da FERTILIDADE da alucinação, púbis no embate-agrário imprimido pelos écrans da linhagem fogosa: o derrube amoroso das línguas destinadas ao odor geométrico das remadoras, mostruário da enumeração do profuso cereal, funduras portuárias varadas pelas tensões dos canais-quadriláteros: os assobios das ferraduras batem nos inextricáveis-olhos-das-sombras e as ramas dos fornos embarcam no nervosismo da terra para fosforescerem a exactidão dos organismos com a navalha urgente da baforada-entre-campânulas: equilíbrio crepitante das unhas-da-paleografia na compreensão dos vespões-sobre-o-mosto: o ar esculpido das omnívaras deseja cravar o olor dos iluministas na entoação dos galhos das línguas-mitológicas: as alavancas moribundas dos DONS rabiscam as direcções intercaladas dos cardos que bordam os tangos combatentes de Carlos Saura nos involuntários astros: _____________ soltar as fivelas da gnose das palavras sobre as apiculturas das ruas alegóricas: urtigas-enquadradas-na-sombra-órfã onde as sentenças das sépalas ensopam as acrobacias dos queixos-meteorológicos e os globos oculares esperaram as lareiras imponentes das raízes como lançadores anabólicos a vulcanizarem-se entre as tessituras dos coros gregorianos

 
LUIS SERGUILHA: Poeta, crítico. Autor de várias obras de poesia e ensaio. Participou em encontros internacionais de arte e literatura. Alguns dos seus livros: Embarcações (2004); A singradura do capinador (2005); Hangares do vendaval (2007); As processionárias (2008); Roberto Piva e Francisco dos Santos: na sacralidade do deserto, na autofagia idiomática-pictórica; no êxtase místico e na violent...a condição humana (2008); KORSO (2010); KOA’E (2011); Khamsin-Morteratsch( 2011); KALAHARI( 2013) estes seis últimos em edições brasileiras. Possui textos publicados em diversas revistas de literatura e arte. Criador da estética do LAHARSISMO e responsável por uma colecção de poesia contemporânea brasileira na Editora Cosmorama. Pesquisador da Poesia Brasileira Actual.

 Foi um dos Curadores do Encontro Internacional de Literatura e Arte: Portuguesia

Curador do RAIAS-POÉTICAS: Afluentes IBERO-AFRO-AMERICANOS de ARTE e PENSAMENTO