domingo, 27 de março de 2011

ENCONTRO COM MILTON SANTOS

NOTA: Transcrevo, a seguir, pela importância e valor, o artigo do cineasta Sílvio Tendler.


DEZ ANOS SEM MILTON SANTOSPor Silvio Tendler, 23.03.2011

No inicio de 2001 entrevistei o professor Milton Santos. A riqueza do depoimento do geógrafo me obrigou a transformá-lo no filme “Encontro com Milton Santos ou o mundo global visto do lado de cá”. Lá pelas tantas o professor critica a “neutralidade” dos analistas econômicos dizendo que eles defendiam os interesses das empresas que serviam.
Dez anos depois o cineasta Charles Ferguson em seu magnífico filme “Inside Job” esmiúça em detalhes a fala de Milton Santos e revela a promiscuidade nos Estados Unidos entre bancos, governo e universidades. Revela a ciranda entre universitários que servem a bancos e empresas financeiras, vão para o governo, enriquecem nesse trajeto, não pagam impostos, escrevem pareceres milionários para governos estrangeiros induzindo a adotarem políticas que favoreçam o sistema financeiro internacional. Quebram aplicadores e fundos de pensão incentivando a investirem em papéis, que já sabiam, com antecedência, micados. E quando são demitidos das instituições financeiras partem com indenizações milionárias. Acertadamente este filme ganhou o Oscar de melhor documentário de 2011.
Na outra ponta da história está o filme “Biutiful” do Mexicano Alezandro Gonzalez Iñarritu, rodado em Barcelona e narra a vida dos fodidos, das vitimas do sistema financeiro internacional: africanos e chineses que vão para a Espanha para escapar da fome e do desemprego e se submetem a condições de vida sub-humanas. O trabalho do ator Javier Bardem rendeu o prêmio de melhor ator do Festival de Cannes de 2010.
São filmes para ninguém botar defeito e desconstroem as perversidades do mundo em que estamos vivendo.
Em discurso recente em Wisconsin, solidário aos trabalhadores que lutam contra novas gatunagens, o colega estadunidense Michael Moore declarou:
“Vou repetir. 400 norte-americanos obscenamente ricos, a maior parte dos quais foram beneficiados no ‘resgate’ de 2008, pago aos bancos, com muitos trilhões de dólares dos contribuintes, têm hoje a mesma quantidade de dinheiro, ações e propriedades que tudo que 155 milhões de norte-americanos conseguiram juntar ao longo da vida, tudo somado. Se dissermos que fomos vítimas de um golpe de estado financeiro, não estamos apenas certos, mas, além disso, também sabemos, no fundo do coração, que estamos certos.
Mas não é fácil dizer isso, e sei por quê. Para nós, admitir que deixamos um pequeno grupo roubar praticamente toda a riqueza que faz andar nossa economia, é o mesmo que admitir que aceitamos, humilhados, a ideia de que, de fato, entregamos sem luta a nossa preciosa democracia à elite endinheirada. Wall Street, os bancos, os 500 da revistaFortune governam hoje essa República – e, até o mês passado, todos nós, o resto, os milhões de norte-americanos, nos sentíamos impotentes, sem saber o que fazer”.
E arrematou com maestria e indignação:
“…Falei com o meu coração, sobre os milhões de nossos compatriotas americanos que tiveram suas casas e empregos roubados por uma classe criminosa de milionários e bilionários. Foi na manhã seguinte ao Oscar, na qual o vencedor de melhor documentário por “Inside Job” estava ao microfone e declarou: “Devo começar por salientar que, três anos depois de nossa terrível crise financeira causada por fraude financeira, nem mesmo um único executivo financeiro foi para a cadeia. E isso é errado. “E ele foi aplaudido por dizer isso. (Quando eles pararam de vaiar discursos de Oscar? Droga!)”
Esse ano celebramos os dez anos da morte do professor Milton Santos. Quem quiser ler “Por uma Outra Globalização” do Professor Milton Santos encontrará um diagnóstico perfeito do processo de globalização que gestou as mazelas descritas em “Inside Job” e “Biutiful”. Quem quiser reencontrá-lo em “Encontro Com Milton Santos ou O Mundo Global Visto do Lado de Cá”, estará celebrando a vida e o pensamento de um dos maiores pensadores do Século 20, capaz de ter antecipado muito do que estamos vivendo hoje. Sempre com seu sorriso nos lábios e o olhar que revelavam sua clarividência desde o primeiro momento em que começava a se manifestar.

(*) Silvio Tendler é cineasta, diretor de Os anos JK, Jango, Utopia & barbárie, entre outros documentários. Crônica originalmente publicada na edição 420 do Brasil de Fato

sexta-feira, 25 de março de 2011

Mostras do Cinema Africano

NOTÍCIA

Após ter participado como apreciadora de cinema e estudiosa de carteirinha de várias Mostras do Cinema Africano percebi que havia uma lacuna nas minhas indagações e questões sobre o significado desta cinematografia no panorama mundial. Resolvi provocar pessoas que tivessem um conhecimento nesta área e que mostrassem interesse em rever os clássicos do cinema africano para maior reflexão e descobertas. No momento estamos fazendo um levantamento ( inicial e provisório) das principais mostras que contemplam esta cinematografia e decidimos reunir num espaço virtual os nossos achados. Em breve divulgaremos. No momento ainda são buscas provisórias e em parcerias não institucionalizadas, com a competência e participação de amigos(as) que partilham suas descobertas e interesses pela sétima arte.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Jornada Internacional de Cinema da Bahia

Nota: Reenvio para os amigos(as) o correio da Jornada recebido com a programação completa do dia 18 de março de 2011.

LANÇAMENTO OFICIAL

No próximo dia 18 de março acontecerá o lançamento da Convocatória da XXXVIII Jornada Internacional de Cinema da Bahia que sera realizada no periodo de 9 a 15 de setembro vindouro.

A Jornada, com o seu lema de lutar por um mundo mais humano, voltada especialmente para o lado social, realizará este ano o Seminario Internacional A CIDADE INTERPRETADA.

Dentro do tema das Cidades serão abordadas questões a nivel internacional, nacional e local, como o crescimento desordenado, a violencia urbana, o exodo rural, as casas populares em contraponto com os grandes espigões, a utilização e tomada de posse de áreas publicas, a degradação ambiental.

Alem do Seminario Internacional, a Jornada contará com oficinas, exposições, mostras de homenagens e o concurso Afro-Iberoamericano de Filme e Video independente.

O lançamento será no dia 18 de Março às 17 horas, no CINE TEATRO GÓES CALMON, Pelourinho, com a programação que se segue:

Início das Atividades da Pré-Jornada – lançamento da Convocatória da 38ª Jornada Internacional de Cinema da Bahia.

- Palestras de Eliene Bina (diretora do Museu Eugenio Teixeira Leal) e Guido Araujo ( diretor geral da Jornada), seguida das exibições dos curtas-metragens Revivendo Cosme, de Silvio Tendler ; Carta a Zelito, Ao Mestre com Carinho, de Silvio Tendler, e O Capeta Caribe, de Agnaldo Siri Azevedo.

quarta-feira, 2 de março de 2011

As Estatuas Também Morrem- Parte 1

Considerado uma pedra fundamental da vanguarda anticolonialista do cinema françês, este filme realizado por Alain Renais e Chris Marker, em 1953, foi proibido pela censura de 1953 a 1963. A arte africana, especialmente as estátuas e as máscaras, são susbstituidas, pouco apouco, por uma atividade comercial e mercantil, em séries.