O BLOG http://www.stelalmeida.blogspot.com/ tem a honra de publicar hoje o texto de Luis Serguilha. Uma ótima leitura, confira!
Os degraus circundantes dos
rochedos-pianistas recompõem as encruzilhadas das câmaras meteorológicas e os
guardiões dos pianos-fortes, a exposição dos perfumes-da-vertigem narra e
afronta a termodinâmica dos nomes albergados nos calendários tectónicos (dizem
ser os sulcos libidinais do sol-vulcânico): a irreversibilidade das
arenas-do-delírio despoja os predadores-seminais entre as pegadas das vertentes
maternais, a silabaria elementar das estacas voadoras pigmenta os oráculos dos
estômagos estelares, rusticidade-dos-eixos-imaginários sob os dançarinos das
árvores-libertas-de-gêlo: as desventuras dos olhares-dos-glaciares são dentes
fulgurantes da terra-divina-verbal-terra a trabalharem a incandescência milenar
dos alvos-das-escoriações-das-correntes-do-vento entre os joelhos crepusculares
das técnicas de caça e os mercadores-policromos das amoreiras: a
perspectiva-dos-fragmentos de Godard e as abreviaturas-das-armações-dos-nómadas
de Kusturica atingem a blusa iridescente do coração-da-tempestade, as bússolas
desidratadas esgrimem um alpendre invisível na mensurabilidade da superfície
que descruza as corolas-das-primeiras-aprendizagens como um nó desfocado da ave
a lavrar as estratégias anfíbias da dor do DEVIR: colo extraído das
mulheres-das-janelas prematuramente amordaçadas pela velocidade das porcelanas
da luz:
os fios indecifráveis dos
olhares-minerais fragmentam as ressonâncias imprimidas nas respirações
nocturnas dos pássaros: as distâncias dos helicópteros-teares escondem a
vegetação-dos-viadutos porque dedilham as coincidências dos mugidos das
esfinges entre os formigueiros de ar e a apoteose dos mapas do historiógrafo,
as simples algibeiras das lãs das bicicletas terrestres estagnam os
interstícios das chuvadas-dos-aérodromos-das-bifurcações-mutáveis onde o
borbulhar indivisível da tarde-das-execuções-dos-estomas entra profundamente no
pressentimento das salinas-dos-percursos-alternativos como um enxame-anguloso
nos decibéis dos búfalos a delimitar os candeeiros das casas-da-metamorfose:
provisórias dissemelhanças dos espasmos-das-clarabóias a encarcerarem os
reflexos das instantâneas gargantas-das-feras, Schoenberg: motores das vésperas
iluminadoras entre as escamas inomináveis das orquestras: os
refúgios-moleculares das suburbanas iluminuras chapinham as exclamações dos
corredores-dos-viajantes e tudo se separa na caligrafia envidraçada das
industrializadas abelhas: TRANSFIGURAÇÃO dos tentáculos voadores_____________
Lautréamont sob os olhos-das-lâminas que embalam os vapores das pontes
subterrâneas como minúsculas persianas dos simulacros a estilhaçarem o soro das
madeiras-radículas-do-chamamento, as asas-das-artérias-das-faíscas são
uniformemente mastreadas pelo petróleo das sombras de Fritz Lang, os mármores
das manjedouras navegam nos rebordos-da-exaustão das cancelas-espasmódicas que
devoram as hélices dos instrumentos da translucidez, jugos metálicos na origem
das sondagens dos ângulos/pulsos-das-tentativas do firmamento, as luzes das
traqueias alfandegárias adubam a desarrumação dos apeadeiros-dos-bois até às
simulações dos trombones magmáticos:
acumular os espontâneos esmeris
nos barulhos subterrâneos dos esquifes e as bacias-dos-peixes-da-autenticidade
trepidam em debandada na epopeia dos hospitais dos gladiadores-de-tentáculos:
alfabeto desmemoriado das hiantes casas-dos-lobos-da-geografia, um
cântico-das-extremidades é interrompido pelas transições da penúria do cobre da
sonolência, os êmbolos-dos-diques-da-barbárie tentam descer até às sentenças
das improvisadas tonas das escalas/lenhas-glandulares-dos-seres para assistir à
viuvez dos arcos-boreais de Saint Pierre: ligar o balouço hemorrágico do
coração-dos-rebanhos às taças musgosas do vocalismo das intempéries que
desvendam os fósseis das antropomorfias na orgia dos
luzeiros-dos-pântanos-de-arribação: as poses nómadas das
esmeraldas-dos-gigantescos-semáforos são espremidas pelos espaldares
ininterruptos dos insectos de Franz Kafka onde se constrói um regaço oblíquo de
ligaduras-de-flechas sobre a primeira prenhez dos frutos: as tapeçarias das
germinações fotografam o trabalho-ócio das chispas dos poços-das-iguanas:
eléctricas heras a emborcarem as fissuras citrinas dos insectos nos ofícios
milenários: os fornos cromados de dentaduras aparam a salsugem-das-rugas-dos-alguidares
que esvoaçam nos seixos dos abismos-urbanos, ilustrações dos cais derramadas
nas lengalengas secretas dos arquitectos-chacais, procurações-telegráficas
sopradas pelos cadafalsos dos favos-dos-arabescos e as luzes das colcheias
vergastam as edições das sementeiras como os ímanes dos minúsculos açudes a
injectarem as vogais das lebres acossadas nas naves-arco-íris dos Sonhos de
Akira Kurosawa:
os braços glaciares estocam os
parênteses das trombas entardecidas pelas fotografias imprevistas das janelas,
obsessivos viajantes a naufragarem no
abandono apurado da floração (dádivas transgressoras dos
olhos-dos-pântanos-de-outras-colecções): os historiadores das ardósias
confessam o endereço da flecha-dos-abecedários nos insectos rutilantes dos
balneários, as ramificações das cisternas dos utensílios repetem-se nos
dormitórios dos motores-das-montanhas (a erecção irrecuperável das lanternas
dos estábulos diante dos Cavalos do Significado): os zumbidos dos roteiros das
fábulas são coreografados pelas pausas dos barqueiros proverbiais de Merce
Cunningham, os carpinteiros-néons das janelas desentranham cinematograficamente
as barbatanas de outras janelas onde as gemas das tecedeiras astrais absorvem
as palmadas giratórias do aguaceiro: celebridade das estilhas a despojar os
atilhos da obliquidade dos respiradouros: os contrastes instintivos dos soalhos
solicitam a queimadura dos frutos e os cavadores das coincidências entre os
talos dos secadouros nocturnos: os harmónios sibilinos das
câmaras-da-astronomia anotam o vidro do desregramento na crispação das pistas
do sangue das últimas corujas, os contrafortes dos formigueiros atravessam os
golpes elípticos dos canaviais como a voluptuosidade do incêndio azul a
fundir-se numa invasora jangada (A jangada das medusas): ramificar uma casa de
águas com as protecções-membranares do ancoradouro: os bandos
embriagados-da-linguagem ascendem das baforadas imberbes-insondáveis,
imprevistos armistícios-dos-estilhaçamentos onde os vasos sanguíneos dos
pássaros resplandecem abobadados nas fronteiras alucinadas das árvores: as
inexpugnáveis raízes dos corvos fecundam as batalhas das trevas (Dario Argento
nas avenidas-dramáticas do electrochoque) no vaivém das amêndoas crepusculares
(iluminuras das especiarias orientais de Yasujiro Ozu): as enormes pupilas das
margens equilibram-se nas reentrâncias dos estigmas da claridade (expatriação
das fábulas interiores de La Fontaine):
bordar o isolamento dos
nomes-das-cisternas-cartográficas com as trajectórias dos despojos siderais, a
percussão dos olhares galopa entre as mandíbulas das soleiras e os
oradores-de-tempestades enlaçam-se nas matrizes resgatadoras das nitescências
onde uma rosa de gelosias-caminhantes maneja os resíduos das
criaturas-das-eclosões (nadadoras-de-intersecções concentradas nos ceifeiros da
outonal poeira das espécies): a culminância dos olhos-poemáticos trespassa a
ressaca-arterial dos tigres e os sobressaltos das mãos-lactíferas atrelam-se à
envergadura visionária-magmática dos arquitectos para projectarem as harpas
estagnadas das habitações nos lavadouros inaugurais das ervas itinerantes: as
palpitações cinematográficas das pálpebras de Lars Von Trier transformam-se na
ironia dos cavalos verdes para voarem nos cercos eléctricos da dramaticidade:
tenebrosas portam a meteorizarem os gladiadores da sombra – Dançando no escuro
(vestíbulos vertiginosos nas síncopes do iodo-das-talhadeiras-rizomáticas):
inesperados flancos-faunísticos na reclusão dos pirilampos fundadores dos
olhos-esgrimistas (caligrafia provisória das dunas restituidoras das veias
loucas numa batida altíssima e policromática): entontecer a cantaria dos
criadores nas modulações das cúpulas dos sacrifícios que se perdem com os
ofícios dos séculos-do-sangue-das-crinas-marinhas, as bolhas indomáveis dos dedos
evaporam-se acrobaticamente nas nascenças-da-vertigem do rosto-universal, a
arena-dialógica estiola ao descerrar o tempo fragilíssimo num gigantesco peixe
de cobre que ensanguentou a mutação dos lábios-do-relâmpago numa cascata de
anémonas-boomerangues: encontrar a murmuração das ossaturas das falésias para
combinar as iluminações dos pássaros nas bocas dos fungos ardilosamente
fascinantes: as vigas do corredor incomensurável demarcam-se nos biombos de luz
como um balanço cortante das inexploradas ruínas, pressurosos asilos a
fecharem-se secretamente nos adoráveis peitos do nevoeiro e todas as bocas de
água embrulham os holofotes na solidão de uma Morte em Veneza
as reminiscências das orlas
desaguam nas ciências das raízes-dos-bichos, as mitoses das habitações
fulminam-se nos órgãos das palavras de García Lorca ao desmantelarem a
vestimenta das vertigens e a inoculação geológica dos papiros: batimentos
esfomeados dos dardos na folhagem nocturna: os sopros dos comboios vegetais
desatam estranhamente as bebedeiras alienígenas da luz, as
chaves-das-janelas-das-arenas-universais memorizam os bandos-dos-cânticos que
se mudam secretamente sobre as cepas centrífugas dos caçadores fabulados:
rastos ampliados pelas enxadas-de-silêncio dos pássaros como cachimbos de
Magritte a advertirem a geometria indomável dos acusadores das estações das
fluorescências meridionais: os rinocerontes-do-espanto ressuscitam os desvios
das lâmpadas-placentárias entre a elasticidade das sapatas das sombras e os
rebanhos-fotovoltaicos da hemoglobina: pulsionalidade dos batedores-mamíferos a
predominar nas devastações da hidra, o paladar venenoso das
marchas-da-hereditariedade ressalta nas alergias dos labirintos e os
rochedos-dos-ritualismos são tremendamente sazonados pelos patins das germinações
da busca-perdida: as conjunções-purificações da paisagem reflectem a utilidade
dos embaimentos na significação libertadora dos frontispícios solares onde os
centros perseguidos das fecundidades instintivas são distribuídos pela
paralisação dos moscardos (Quatro moscas sobre o veludo cinza): alvoroços das
cabeças dos espelhos: as faíscas do leopardo desalojam-se nos relógios
viscerais ao oxidarem os laboratórios neutros do chão-transcorporado:
integridade secreta da andorinha-libertária no entendimento dos volúveis
rodopios da gestação-fantasmagórica, jangada hábil da hesitação a interiorizar
as cenografias da adolescência das marés que paralizam as armadilhas dos
teatros astrológicos:
o sabor-delírio prenhe doutros
sabores-das-clarabóias oferece uma cor-das-labaredas às ameixas-zoológicas que
resvalam nos atalhos do corpo-bosque-em-deslocação: as menstruações dos chifres
dianteiros esvoaçam exclusivamente no reflexo do manancial transmutador das
laranjeiras do abismo, plenitude extranatural dos membros respiradores de
candeias, uma mordedura na sonoridade telúrica, Mikis Theodorakis a descrever
as pálpebras dos sinos intrínsecos que nimbam as inflexões dos mantos seculares
conservados nas raízes caçadoras de janelas-mós: cânticos estagnados no rodopio
das devastações das bandeiras: os meridianos dos idiomas imperecíveis ferem-se
ao rasarem no oásis das células mamíferas, gargantas de crisântemos a recuarem
até à morosidade da asfixiante argila-dos-camaleões como a água sobre a água na
golfada hirsuta das doações-debaixo-das-crisálidas-lucíferas: acolher o
utensílio mais espesso da antiguidade nas sibilas planetárias para iluminar a
sufocação dos pequeníssimos rios na turfa musical dos pousios: os abalos das
florações nocturnas rastejam uníssonos nos arcos-de-canela-expansiva, os fungos
violentos certificam as barcas culminantes nos embarcadouros-microbianos que
glorificam o esgotamento dos caudais nas escotilhas da luz: compensar o
esgotamento das litanias nas inovações dos cruzamentos-quiméricos: proximidade
extasiada do umbigo cosmopolita das povoações, uma constelação de cerejeiras
urbanas aprova as correspondências das estátuas trágicas/pensativas/enamoradas
de Rodin e os esguichos penetrantes dos MOCHOS-OFTALMOLÓGICOS conquistam as
curvaturas ininterruptas da voluptuosidade dos caiadores: o lodo vulcânico
estrangula as gigantescas transmudações das
MARGENS-que-batem-nas-rosáceas-dos-peixes e o hermetismo vingativo das galerias
entrechoca com os tímpanos sonâmbulos da germinação: hidratar lunarmente a
ciência duma abelha nómada: turbilhão de lanhos selvagens nas carótidas das
cidades-das-árvores, caminhos ininteligíveis acesos nos pulmões gravitacionais
onde os espelhos das tangerinas uivam como uma plúmula vociferante nas garras
metalúrgicas, mármores e candeeiros a deslocarem-se na boca medicinal do
êxtase: as pétalas ressoantes das tecedeiras sublevam-se sobre as falhas das
idades das espécies e a estação das flechas rompem as equivalências impressas
na laranja da astronomia: os archotes da garganta primordial invadem os veios
duma paragem de boomerangues celestes, a matéria da imobilidade demite-se nas
vulvas sonâmbulas da calçada, as aves sinistras de Allan Poe enxutam as
profundidades dos aposentos porque tentam copular os faróis das pedras do vocabulário:
ociosa artéria da existência a pulverizar o galope dos casulos mediterrâneos
para receber a convergência púrpura das mãos-de-todos-os-lugares: dorso FEÉRICO
do mistério, ancas da FERTILIDADE da alucinação, púbis no embate-agrário
imprimido pelos écrans da linhagem fogosa: o derrube amoroso das línguas
destinadas ao odor geométrico das remadoras, mostruário da enumeração do
profuso cereal, funduras portuárias varadas pelas tensões dos
canais-quadriláteros: os assobios das ferraduras batem nos inextricáveis-olhos-das-sombras
e as ramas dos fornos embarcam no nervosismo da terra para fosforescerem a
exactidão dos organismos com a navalha urgente da baforada-entre-campânulas:
equilíbrio crepitante das unhas-da-paleografia na compreensão dos vespões-sobre-o-mosto:
o ar esculpido das omnívaras deseja cravar o olor dos iluministas na entoação
dos galhos das línguas-mitológicas: as alavancas moribundas dos DONS rabiscam
as direcções intercaladas dos cardos que bordam os tangos combatentes de Carlos
Saura nos involuntários astros: _____________ soltar as fivelas da gnose das
palavras sobre as apiculturas das ruas alegóricas:
urtigas-enquadradas-na-sombra-órfã onde as sentenças das sépalas ensopam as
acrobacias dos queixos-meteorológicos e os globos oculares esperaram as
lareiras imponentes das raízes como lançadores anabólicos a vulcanizarem-se
entre as tessituras dos coros gregorianos
Foi um dos Curadores do Encontro Internacional
de Literatura e Arte: Portuguesia
Curador
do RAIAS-POÉTICAS: Afluentes IBERO-AFRO-AMERICANOS de ARTE e PENSAMENTO
Nenhum comentário:
Postar um comentário