sábado, 23 de julho de 2016

Imagens da FLIP2016



 cartilha da cura
as mulheres e as crianças são as primeiras que desistem de afundar navios.

ana cristina cesar (1952-1983)

 
                                                             tenda dos autores


 
praça do telão


tenda da biblioteca


 
praça da matriz

 
FORA TEMER!



praça da matriz


 

paraty, rio de janeiro


paraty, rio de janeiro

 

                           fotos da flip por stela borges de almeida, julho de 2016.



sábado, 16 de julho de 2016

Notas sobre a FLIP2016

Comento nesta postagem   sobre a Festa Literária Internacional de Paraty- FLIP2016 que participo pela terceira vez. Penso que a Flip representa um dos melhores momentos de convivência e partilhas para  os que apreciam as manifestações culturais, a  poesia e a literatura, dentre outros, que acontecem no Brasil.

Evento imperdível no calendário cultural de Paraty (Rio de Janeiro-Brasil) a Festa Internacional de Literatura de Paraty- 14ª edição, 29 de junho a 03 de julho de 2016-  com  uma programação intensa, composta de 21 mesas além de diversos outros encontros promovidos na FlipMais, FlipZona, Flipinha e demais espaços culturais de Paraty ,  marcam a grandeza do encontro ( para informações detalhadas consultar o site flip.org.br), 

Diversidade, intensidade, emoção,  descobertas, marcam os momentos  vividos neste lugar de beleza e de conflitos, este ano intensificado  por manifestações de protestos à grave situação política que atravessa o Brasil.

Difícil descrever a Flip, me agrada quase tudo, o nível de organização, a diversidade dos convidados, as programações alternativas a escolher, do lugar de escuta e reflexão que promove, do encontro  e descoberta de  pessoas diferentes e amantes da literatura. Não me agrada que seja entendido apenas como um evento de brancos e dos que tem  posses, concordo que  precisa ampliar  espaços para maior integração e oportunidades para as diferenças.

Neste breve relato  me detenho apenas em alguns flashes, mesmo porque- como diz minha amiga Zuleide-  o conteúdo dos debates e oferta de produções recentes de livros e publicações colocam um conjunto de inquietações que ocupariam longo tempo de conversa,  impossível neste espaço de blog.

O caminho até Paraty já apresenta  uma estrada tropical de contemplação, com uma vegetação de exuberância e muito verde tornando  ainda mais aprazível  o evento, quando na primeira parada, para repor as energias, encontramos  o primeiro convidado , nada mais nada menos do que Lázaro Ramos que responde ao meu alô com um divertido comentário_ ah uma conterrânea, com a fitinha do Senhor do Bonfim. É assim, as baianas sabem se proteger, carregam seus patuás por onde andam.



A abertura do evento trouxe-nos o amigo da homenageada_ Ana Cristina César ( 1952-1983).
O Armando Freitas Filho também  será homenageado por Walter Carvalho na sessão de cinema: Manter a linha da cordilheira sem o desmaio da planície.
Um sarau finalizará a noite, num clima de emoção e festa.

Cartilha da Cura

As mulheres e as crianças são as primeiras que desistem de afundar navios.


As vinte e uma mesas que seguirão os dias de temperatura amena em Paraty, vão requerer fôlego. Além da caminhada pelas  pedras de moleque de uma colonização histórica, cada mesa nos apresentara autores novos e velhos, amigos e conhecedores da obra poética e literária da homenageada, que  nos brindarão com seus ensaios, livros e comentários sobre a literatura e a poesia contemporânea. 

Há os que digam que a escolha da homenageada é marcada pelo desprestígio da literatura, há também os que afirmam que é um feira em cima do muro, que não há espaço para a política. Polêmica, inquietante, não atende a todas as diferenças e diversidades. 

 Gostei de ter escutado as falas de Annita Costa , Laura Liuzzi e Marília Garcia ( mesa1) e me interessei em trazer a memória de Marília de um passeio por Paris, texto escrito em 2015 realizado na Cité Internationale des Arts, em Paris.

Ouvir J.P.Cuenca e Valeria Luiselli ( mesa8), A história da minha morte, foi divertido.  Da segunda trouxe o livro  A história dos meus dentes, Rio de Janeiro, Alfaguara: 2016.  The New York Times a apresenta: " Valeria Luiselli segue a tradição de Borges e Garcia Márquez, mas seu estilo é inesquecívelmente único". A conferir.

O show do eu ( mesa 9) com Christian Dunker e Paula Sibilia provocou debates e aplausos. O psicanalista, autor do livro "Mal estar, sofrimento e sintoma" ( Boitempo)  discute os processos de "condominização" e ocupação dos espaços. Paula Sibilia traz uma produção no campo da antropologia e tem um livro com o título da mesa. A ler, mais adiante.

Foi muito interessante ouvir  de Clarice a Ana C.( mesa 14) onde  participaram Benjamin Moser e Heloísa Buarque de Holanda. Benjamin é autor de "Clarice", biografia de Clarice Lispector publicada em oito países e  reconhecido com o primeiro Prêmio Itamaraty de Diplomacia Cultural, assina uma coluna no New York Times, está finalizando a biografia autorizada de Susan Sontag. Estou lendo o livro Autoimperalismo. Três Ensaios sobre o Brasil. Planeta, 2016.

Heloísa nos trouxe um depoimento dos que conviveram de perto com a homenageada, foi amiga e professora de Ana Cristina C. Traz um vídeo sensível e delicado com fragmentos da obra de Ana C, cadernos, recortes, poesias e uma gravação com sua voz. Emocionante.

Vaiado e aplaudido, Abud Said, O cara mais esperto do Facebook, nos fala na inquietante mesa : Síria mon amour ( mesa 19) com a jornalista Patrícia Campos Mello. Fui a sessão de autógrafo, Said falou em árabe e escreveu a dedicatória em árabe.

( transcrevo  trechos do seu livro)

1 de fevereiro de 2012 às 12:08 

Estamos vendo na TV a cobertura dos debates na ONU, quando minha mãe diz: todo esse papel branco nessas mesas na frente deles é por causa da Síria???
Naturalmente, ela quer dizer que a situação é óbvia, nem precisava de todos aqueles papéis.
115 curtiram

29 de fevereiro de 2013 às 02: 20

Para aqueles que continuam se perguntando quem é Abud Said:
Eu sou Abud Said, residente em Manbij, onde as moças não vão aos cafés e onde nenhum prédio tem mais do que quatro andares...
Meu sobrinho pequeno/ sempre lhe pedi para dizer
Allahu Akbar
ele disse: eu, hein!!!
Na escola, eu sentava na última carteira. Fui pra universidade pra conhecer uma moça que não usasse véu e tivesse um celular com bluetooth...
Ela chamava o próprio celular de "catwoman ".
Por isso, chamei o meu celular de "miau".
Mesmo assim, ela nem ligou. Eu trabalho como ferreiro.
Isso quer dizer marreta, polias e chave 13x14mm.
Eu durmo com sete irmãos no mesmo quarto. Não tenho armário, por isso escondo minhas cartas particulares no galinheiro/às vezes, uma galinha põe um ovo em cima das palavras "eu te amo" e, às vezes, ela caga em cima do P.S. no fim da carta.
Minha mãe não sabe cozinhar lasanha. Até o ano passado, eu achava que croissant era um tipo de comida cara, que se come com garfo e faca.
Toda noite, eu sonho que sou Hannibal Lecter, sentado à mesa, de frente para o cérebro da moça que eu amo.
No ônibus, sento no banco oposto ao da minha vizinha, para olhá-la. Nunca em minha vida vi um avião que não fosse de guerra.
Roubo minha eletricidade do poste mais próximo. Uma garota burguesa paga minhas faturas de internet.
Na minha rua, as crianças tiram sarro da pinta na minha testa. Meu irmão mais velho não acredita que eu sou poeta...Enquanto meus primos, se soubessem que eu sou poeta, me fariam passar ridículo, batucando panelas e latões atrás de mim.
tenho um lápis com o qual às vezes rabisco, e que aponta na faca. A última caneta azul cara que eu ganhei de presente estourou no bolso da minha camisa.
Em casamentos, sento perto do cantor. Em funerais, eu sou quem serve o café amargo. Nos cafés, minha mesa sempre é aquela que o garçom ignora.
Eu sou Abud Said. Acaricio o pescoço do animal que vive dentro de mim para que ele cresça como um lobo cego.
402 curtiram


Vou concluir estas notas.  Não falei da escritora russa, do poeta norueguês, da jovem poeta inglesa, do neurocirurgião  inglês e suas intermináveis intervenções cirúrgicas, enfim não falei de inúmeras falas e comentários que ouvi e me fizeram pensar melhor e estar mais atenta à condição humana.
São muitos autores, cada um traz um novo olhar que  nos leva a caminhos diversos, com suas histórias, seus depoimentos, suas vivências e aprendizados.

Para os raros leitores, um comentário final. Coloquem suas críticas, sugestões e impressões, há espaço no blog para um feedback. Até breve!

P.S_ na próxima postarei as fotos da Flip, as que consegui captar.




                                                                 ana cristina cesar . poética.















sábado, 18 de junho de 2016

Festival Varilux de Cinema Francês 2016




Festival Varilux de Cinema Francês 2016

De 8 a 22 de junho de 2016, em  cinquenta cidades  do Território Brasileiro, o Festival Varilux de Cinema Francês, traz a público  quinze filmes nas diferentes salas de arte e espaços culturais, entre eles, Salvador-Bahia.

Coincidentemente, neste mesmo período,  o Curso de Francês do Núcleo Permanente de Extensão em Letras da Universidade Federal da Bahia (http://nupel.ufba.br) terminou o primeiro semestre após uma maratona de aulas semanais que exigiram dedicação e preparação para as avaliações finais orais e escritas. 

Um bom motivo e uma chance de assistir, provocar e motivar os colegas para assistirem, e se possível, desfrutar dos quinze filmes que constam na programação deste festival que interessa aos cinéfilos e estudiosos da filmografia de produção francesa.

Com este propósito, convidamos o Professor Lucas Silva para participar nesta edição do Blog: Cultura, Política e Cinema, trazendo seus comentários dos filmes assistidos e sua sensível e articulada percepção da função do cinema francês na contemporaneidade.
Esta postagem apresentará os comentários de alguns filmes exibidos e assistidos no festival, sem distinção de méritos e grandeza da filmografia. O critério de escolha além de aleatório, deu-se pela oportunidade de acesso aos cinemas nos horários mais adequados às nossas atoladas agendas de compromissos. 

Primeiramente, Agnus Dei (Les Innocentes) e La Vanité (La Vanité) sob a minha lente de cinéfila, sem carteirinha, porém estudiosa e amante da sétima arte.
 Lolo, o filho da Minha Namorada (Lolo)  por Lucas (  que enviará em breve seus comentários via e-mail, acrescido de outro filme da sua preferência). 

A seguir:

AGNUS DEI ( Les inocentes)
 (Les Innocentes, França, 2016, 115 min) Dir. Anne Fontaine
Polônia, dezembro de 1945. Mathilde Beaulieu, uma jovem médica da Cruz Vermelha encarregada de tratar sobreviventes franceses antes de serem repatriados, é chamada para socorrer uma freira polonesa. Relutante no início, concorda em ir ao convento, onde trinta freiras Beneditinas vivem afastadas do mundo exterior. Mathilde descobre que várias freiras, que engravidaram em circunstâncias dramáticas, estão a ponto de dar à luz. Aos poucos, surge entre a ateia e racionalista  Mathilde e as freiras, ligadas às regras de sua vocação religiosa, relações complexas que aguçadas pelo perigo as tornarão cúmplices para um novo encontro com suas próprias vidas.

A direção de Anne Fontaine traz uma narrativa histórica e dramática de um tema que vem sendo abordados em vários fóruns e movimentos feministas relacionados às mais diferentes formas de   violência à mulher, do aviltamento das condições e especificidades de vida das mulheres e violação dos direitos humanos. A invasão do exército alemão e russo nos conventos beneditinos mostram a truculência do poder masculino frente à condição feminina e religiosa.

O filme mostra cenas da vida cotidiana das freiras voltadas para meditações e orações, sendo obrigadas a enfrentarem  as consequências dos abusos de violação das suas sexualidades. A gravidez resultante dos estupros são enfrentamentos que as freiras precisam resolver. A temática do filme é atual, complexa e repleta de emoção e indignação. As cenas do nascimento das crianças são plenas de sutilezas e apreensões. Algumas daquelas freiras rejeitam suas crias resultantes de coitos violados. Outras a acolherão deixando falar mais alto seus sentimentos ocultos de maternidade.

O dilema religioso da fé sofre conflitos e tensões entre a vida de crianças que foram geradas sob o estigma da violência e que por isso não foram desejadas e o impulso materno que brota em algumas das religiosas violentadas. 

A solução final do filme apresenta a médica francesa trazendo  para o convento crianças abandonadas encontradas nas cercanias, de modo que as religiosas passarão a cuidá-las, sejam paridas de seus próprios ventres violados, sejam merecedoras dos cuidados e afetos maternos. Uma fotografia cuidadosa, com planos externos na neve de rara beleza de luz e sombras, torna além da reconstrução histórica da temática valiosa, o filme da Anne Fontaine imperdível!

La Vanité ( La Vanité)
Com: Patrick Lapp, Carmen Maura, Ivan Georgiev
David Miller decide dar fim a sua vida. Para isso, esse velho arquiteto doente, recorre a uma associação de suicídio assistido. Mas Espe, a atendente da clínica, não parece estar muito a par do procedimento, enquanto David Miller tenta de todo jeito convencer Tréplev, prostituto russo do quarto ao lado, a ser testemunha do seu último suspiro, como a lei exige na Suíça. Durante uma noite, os três vão descobrir que a afeição pelos outros e talvez o amor sejam os únicos sentimentos que realmente persistem.
Distribuição no Brasil: Supo Mungam
2015 - Comédia dramática - 1h15

Este filme é surpreendente. Ao tratar do tema da eutanásia o faz através de uma narrativa do imprevisto, criando situações de perplexidade quanto ao ritual a que estão submetidos os que se dispõem a tirar sua própria vida. Nada no filme é usual. A começar pela personagem excêntrica representada por Carmem Maura, atriz espanhola, que aparece com frequência nos filmes de Pedro Almodóvar. E o comportamento do prostituto russo, disposto a prestar seus serviços profissionais, até mesmo numa ação extrema como o de colaborar com alguém que quer tirar a sua própria vida. 

Vale assistir, não é todo dia que temos chance de refletir sobre a temática da eutanásia. E, até mesmo, aprender que “kaput”, palavra usada várias vezes pelo velho arquiteto doente, parece significar que tudo está quebrado, até mesmo suas molestas condições de vida. Kaput!! 

P.S_um agradecimento especial a Edith Meric que do alto do seu saber sobre movimentos _gyrotonic e gyrokineses_ está nos ensinando a dimensão do corpo vivo e sabe muito bem dizer  o significado de kaput!


 Festival Varilux de Cinema Francês. Junho 2016. Foto: Flavia Riggle.

sábado, 4 de junho de 2016

"A mulher e a democracia" no Teatro Vila Velha


O Blog Cultura, Política e Cinema está novamente ativo após um tempo de trabalho em outra modalidade de mídia.


Retomamos com a chamada para participação do tema "A Mulher e a Democracia" que será apresentada no debate com a cineasta Anna Muylaert. 


Confira abaixo as informações do Blog Teatro Vila Velha.

"A Mulher e a Democracia" é tema da terceira edição do Palco Aberto.


Participam do debate Anna Muylaert, diretora do filme "Que horas ela volta?", a educadora Makota Valdina e a deputada Alice Portugal, além de artistas 

Roteirista e diretora Anna Muylaert é uma das participantes do debate

Na próxima segunda-feira, 6 de junho, às 19h, acontece a terceira edição do "Palco Aberto", evento criado pelo Teatro Vila Velha para debater o Brasil agora. Com o tema "A Mulher e a Democracia", o debate recebe a roteirista e diretora Anna Muylaert, reconhecida pelo premiado filme "Que horas ela volta?"; Makota Valdina, educadora e ativista política; e Alice Portugal, deputada federal. No evento, as falas são intercaladas com discursos feitos em forma de teatro e música. Será apresentado fragmento da peça "Somos Todas Clandestinas", que discute o aborto; performance de Laís Machado, atriz do grupo Teatro Base; além de interpretadas músicas por atrizes da universidade LIVRE do teatro vila velha. 

Assim como nas edições anteriores, o microfone também permanece aberto, ao final do debate, para pessoas do público que queiram se expressar. As próximas edições do Palco Aberto acontecem nos dias 13 e 20 de junho, segundas-feiras, sempre às 19h, no Teatro Vila Velha. O evento é gratuito e aberto ao público, e também será transmitido ao vivo pelo portal da TVE, através do link www.tve.ba.gov.br/palcoaberto.

Primeira edição do Palco Aberto

 Assim como faz agora através do "Palco Aberto", o Teatro Vila Velha já abriu as suas portas para inúmeros debates. O Vila sempre foi um espaço de defesa da liberdade, desde a sua inauguração, em 31 de julho de 1964. Nos anos 1970 e 80, o teatro acolheu artistas e estudantes perseguidos pelo regime militar, abrigou encontros do movimento estudantil e foi sede da Anistia Internacional. No palco do Vila foram julgadas e aprovadas as anistias políticas do cineasta Glauber Rocha e do guerrilheiro Carlos Marighella. Em 2012 e 2013, abrigou o Movimento Desocupa, contrário aos abusos feitos pela administração municipal e, junto a ele, realizou o projeto “A Cidade que Queremos”, que discutia o futuro de Salvador. Mais tarde, também em 2013, apoiou o Movimento Passe Livre, que tinha o Passeio Público como quartel general.

Serviço

PALCO ABERTO
Tema: A Mulher e a Democracia
Participantes: Anna Muylaert, Makota Valdina, Alice Portugal, Somos Todas Clandestinas, Laís Machado (Teatro Base), universidade LIVRE do teatro vila velha
06/06, segunda-feira, 19h
Gratuito
Teatro Vila Velha