terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Imagens enviadas por ativistas digitais, dezembro de 2013.

 
 
 
 
 
 
 
Dezembro de 2013.
 
 
Fotos enviadas, via facebook, por ativistas digitais, mostram aspectos da cultura de um país devastado pela guerra, mas que mesmo assim, conseguem demonstrar leveza e ternura. Campo de refugiados no Afeganistão. ( clic na foto para ampliá-la).








Vale Sagrado, Peru.

 
 
 
Foto: Vale Sagrado, Peru. Arquivo pessoal, foto enviada por e-mail.
 Dezembro de 2013. (clic na foto para ampliá-la)
 
 
 
 
 
 
 
 

Por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político.


















Foto: WEBFOR2013. Ceará-Fortaleza/2013.

Foram muitas as ações no ano de 2013.
Escolhi apenas esta foto num gesto simbólico, para comunicar a participação nos vários encontros, reuniões e rodas de conversas para discussão das Políticas Públicas e Democratização da Comunicação. Na impossibilidade de postar todos os debates e textos que resultaram destes eventos, registro esta foto, minha e do companheiro Jonicael Cedraz, no WEBFOR2013,  desejando que o WEBFOR2014 traga  momentos de reflexão e de transformação das políticas públicas. Saravá!!



MISTRAL. Texto de Luis Serguilha.






O BLOG http://www.stelalmeida.blogspot.com/  tem a honra de publicar hoje o texto de Luis Serguilha. Uma ótima leitura, confira!

 

MISTRAL ( do livro KOA’E)

 

Os degraus circundantes dos rochedos-pianistas recompõem as encruzilhadas das câmaras meteorológicas e os guardiões dos pianos-fortes, a exposição dos perfumes-da-vertigem narra e afronta a termodinâmica dos nomes albergados nos calendários tectónicos (dizem ser os sulcos libidinais do sol-vulcânico): a irreversibilidade das arenas-do-delírio despoja os predadores-seminais entre as pegadas das vertentes maternais, a silabaria elementar das estacas voadoras pigmenta os oráculos dos estômagos estelares, rusticidade-dos-eixos-imaginários sob os dançarinos das árvores-libertas-de-gêlo: as desventuras dos olhares-dos-glaciares são dentes fulgurantes da terra-divina-verbal-terra a trabalharem a incandescência milenar dos alvos-das-escoriações-das-correntes-do-vento entre os joelhos crepusculares das técnicas de caça e os mercadores-policromos das amoreiras: a perspectiva-dos-fragmentos de Godard e as abreviaturas-das-armações-dos-nómadas de Kusturica atingem a blusa iridescente do coração-da-tempestade, as bússolas desidratadas esgrimem um alpendre invisível na mensurabilidade da superfície que descruza as corolas-das-primeiras-aprendizagens como um nó desfocado da ave a lavrar as estratégias anfíbias da dor do DEVIR: colo extraído das mulheres-das-janelas prematuramente amordaçadas pela velocidade das porcelanas da luz:

os fios indecifráveis dos olhares-minerais fragmentam as ressonâncias imprimidas nas respirações nocturnas dos pássaros: as distâncias dos helicópteros-teares escondem a vegetação-dos-viadutos porque dedilham as coincidências dos mugidos das esfinges entre os formigueiros de ar e a apoteose dos mapas do historiógrafo, as simples algibeiras das lãs das bicicletas terrestres estagnam os interstícios das chuvadas-dos-aérodromos-das-bifurcações-mutáveis onde o borbulhar indivisível da tarde-das-execuções-dos-estomas entra profundamente no pressentimento das salinas-dos-percursos-alternativos como um enxame-anguloso nos decibéis dos búfalos a delimitar os candeeiros das casas-da-metamorfose: provisórias dissemelhanças dos espasmos-das-clarabóias a encarcerarem os reflexos das instantâneas gargantas-das-feras, Schoenberg: motores das vésperas iluminadoras entre as escamas inomináveis das orquestras: os refúgios-moleculares das suburbanas iluminuras chapinham as exclamações dos corredores-dos-viajantes e tudo se separa na caligrafia envidraçada das industrializadas abelhas: TRANSFIGURAÇÃO dos tentáculos voadores_____________ Lautréamont sob os olhos-das-lâminas que embalam os vapores das pontes subterrâneas como minúsculas persianas dos simulacros a estilhaçarem o soro das madeiras-radículas-do-chamamento, as asas-das-artérias-das-faíscas são uniformemente mastreadas pelo petróleo das sombras de Fritz Lang, os mármores das manjedouras navegam nos rebordos-da-exaustão das cancelas-espasmódicas que devoram as hélices dos instrumentos da translucidez, jugos metálicos na origem das sondagens dos ângulos/pulsos-das-tentativas do firmamento, as luzes das traqueias alfandegárias adubam a desarrumação dos apeadeiros-dos-bois até às simulações dos trombones magmáticos:


acumular os espontâneos esmeris nos barulhos subterrâneos dos esquifes e as bacias-dos-peixes-da-autenticidade trepidam em debandada na epopeia dos hospitais dos gladiadores-de-tentáculos: alfabeto desmemoriado das hiantes casas-dos-lobos-da-geografia, um cântico-das-extremidades é interrompido pelas transições da penúria do cobre da sonolência, os êmbolos-dos-diques-da-barbárie tentam descer até às sentenças das improvisadas tonas das escalas/lenhas-glandulares-dos-seres para assistir à viuvez dos arcos-boreais de Saint Pierre: ligar o balouço hemorrágico do coração-dos-rebanhos às taças musgosas do vocalismo das intempéries que desvendam os fósseis das antropomorfias na orgia dos luzeiros-dos-pântanos-de-arribação: as poses nómadas das esmeraldas-dos-gigantescos-semáforos são espremidas pelos espaldares ininterruptos dos insectos de Franz Kafka onde se constrói um regaço oblíquo de ligaduras-de-flechas sobre a primeira prenhez dos frutos: as tapeçarias das germinações fotografam o trabalho-ócio das chispas dos poços-das-iguanas: eléctricas heras a emborcarem as fissuras citrinas dos insectos nos ofícios milenários: os fornos cromados de dentaduras aparam a salsugem-das-rugas-dos-alguidares que esvoaçam nos seixos dos abismos-urbanos, ilustrações dos cais derramadas nas lengalengas secretas dos arquitectos-chacais, procurações-telegráficas sopradas pelos cadafalsos dos favos-dos-arabescos e as luzes das colcheias vergastam as edições das sementeiras como os ímanes dos minúsculos açudes a injectarem as vogais das lebres acossadas nas naves-arco-íris dos Sonhos de Akira Kurosawa:

 

os braços glaciares estocam os parênteses das trombas entardecidas pelas fotografias imprevistas das janelas, obsessivos viajantes a naufragarem  no abandono apurado da floração (dádivas transgressoras dos olhos-dos-pântanos-de-outras-colecções): os historiadores das ardósias confessam o endereço da flecha-dos-abecedários nos insectos rutilantes dos balneários, as ramificações das cisternas dos utensílios repetem-se nos dormitórios dos motores-das-montanhas (a erecção irrecuperável das lanternas dos estábulos diante dos Cavalos do Significado): os zumbidos dos roteiros das fábulas são coreografados pelas pausas dos barqueiros proverbiais de Merce Cunningham, os carpinteiros-néons das janelas desentranham cinematograficamente as barbatanas de outras janelas onde as gemas das tecedeiras astrais absorvem as palmadas giratórias do aguaceiro: celebridade das estilhas a despojar os atilhos da obliquidade dos respiradouros: os contrastes instintivos dos soalhos solicitam a queimadura dos frutos e os cavadores das coincidências entre os talos dos secadouros nocturnos: os harmónios sibilinos das câmaras-da-astronomia anotam o vidro do desregramento na crispação das pistas do sangue das últimas corujas, os contrafortes dos formigueiros atravessam os golpes elípticos dos canaviais como a voluptuosidade do incêndio azul a fundir-se numa invasora jangada (A jangada das medusas): ramificar uma casa de águas com as protecções-membranares do ancoradouro: os bandos embriagados-da-linguagem ascendem das baforadas imberbes-insondáveis, imprevistos armistícios-dos-estilhaçamentos onde os vasos sanguíneos dos pássaros resplandecem abobadados nas fronteiras alucinadas das árvores: as inexpugnáveis raízes dos corvos fecundam as batalhas das trevas (Dario Argento nas avenidas-dramáticas do electrochoque) no vaivém das amêndoas crepusculares (iluminuras das especiarias orientais de Yasujiro Ozu): as enormes pupilas das margens equilibram-se nas reentrâncias dos estigmas da claridade (expatriação das fábulas interiores de La Fontaine):

 

bordar o isolamento dos nomes-das-cisternas-cartográficas com as trajectórias dos despojos siderais, a percussão dos olhares galopa entre as mandíbulas das soleiras e os oradores-de-tempestades enlaçam-se nas matrizes resgatadoras das nitescências onde uma rosa de gelosias-caminhantes maneja os resíduos das criaturas-das-eclosões (nadadoras-de-intersecções concentradas nos ceifeiros da outonal poeira das espécies): a culminância dos olhos-poemáticos trespassa a ressaca-arterial dos tigres e os sobressaltos das mãos-lactíferas atrelam-se à envergadura visionária-magmática dos arquitectos para projectarem as harpas estagnadas das habitações nos lavadouros inaugurais das ervas itinerantes: as palpitações cinematográficas das pálpebras de Lars Von Trier transformam-se na ironia dos cavalos verdes para voarem nos cercos eléctricos da dramaticidade: tenebrosas portam a meteorizarem os gladiadores da sombra – Dançando no escuro (vestíbulos vertiginosos nas síncopes do iodo-das-talhadeiras-rizomáticas): inesperados flancos-faunísticos na reclusão dos pirilampos fundadores dos olhos-esgrimistas (caligrafia provisória das dunas restituidoras das veias loucas numa batida altíssima e policromática): entontecer a cantaria dos criadores nas modulações das cúpulas dos sacrifícios que se perdem com os ofícios dos séculos-do-sangue-das-crinas-marinhas, as bolhas indomáveis dos dedos evaporam-se acrobaticamente nas nascenças-da-vertigem do rosto-universal, a arena-dialógica estiola ao descerrar o tempo fragilíssimo num gigantesco peixe de cobre que ensanguentou a mutação dos lábios-do-relâmpago numa cascata de anémonas-boomerangues: encontrar a murmuração das ossaturas das falésias para combinar as iluminações dos pássaros nas bocas dos fungos ardilosamente fascinantes: as vigas do corredor incomensurável demarcam-se nos biombos de luz como um balanço cortante das inexploradas ruínas, pressurosos asilos a fecharem-se secretamente nos adoráveis peitos do nevoeiro e todas as bocas de água embrulham os holofotes na solidão de uma Morte em Veneza

 

as reminiscências das orlas desaguam nas ciências das raízes-dos-bichos, as mitoses das habitações fulminam-se nos órgãos das palavras de García Lorca ao desmantelarem a vestimenta das vertigens e a inoculação geológica dos papiros: batimentos esfomeados dos dardos na folhagem nocturna: os sopros dos comboios vegetais desatam estranhamente as bebedeiras alienígenas da luz, as chaves-das-janelas-das-arenas-universais memorizam os bandos-dos-cânticos que se mudam secretamente sobre as cepas centrífugas dos caçadores fabulados: rastos ampliados pelas enxadas-de-silêncio dos pássaros como cachimbos de Magritte a advertirem a geometria indomável dos acusadores das estações das fluorescências meridionais: os rinocerontes-do-espanto ressuscitam os desvios das lâmpadas-placentárias entre a elasticidade das sapatas das sombras e os rebanhos-fotovoltaicos da hemoglobina: pulsionalidade dos batedores-mamíferos a predominar nas devastações da hidra, o paladar venenoso das marchas-da-hereditariedade ressalta nas alergias dos labirintos e os rochedos-dos-ritualismos são tremendamente sazonados pelos patins das germinações da busca-perdida: as conjunções-purificações da paisagem reflectem a utilidade dos embaimentos na significação libertadora dos frontispícios solares onde os centros perseguidos das fecundidades instintivas são distribuídos pela paralisação dos moscardos (Quatro moscas sobre o veludo cinza): alvoroços das cabeças dos espelhos: as faíscas do leopardo desalojam-se nos relógios viscerais ao oxidarem os laboratórios neutros do chão-transcorporado: integridade secreta da andorinha-libertária no entendimento dos volúveis rodopios da gestação-fantasmagórica, jangada hábil da hesitação a interiorizar as cenografias da adolescência das marés que paralizam as armadilhas dos teatros astrológicos:

 

o sabor-delírio prenhe doutros sabores-das-clarabóias oferece uma cor-das-labaredas às ameixas-zoológicas que resvalam nos atalhos do corpo-bosque-em-deslocação: as menstruações dos chifres dianteiros esvoaçam exclusivamente no reflexo do manancial transmutador das laranjeiras do abismo, plenitude extranatural dos membros respiradores de candeias, uma mordedura na sonoridade telúrica, Mikis Theodorakis a descrever as pálpebras dos sinos intrínsecos que nimbam as inflexões dos mantos seculares conservados nas raízes caçadoras de janelas-mós: cânticos estagnados no rodopio das devastações das bandeiras: os meridianos dos idiomas imperecíveis ferem-se ao rasarem no oásis das células mamíferas, gargantas de crisântemos a recuarem até à morosidade da asfixiante argila-dos-camaleões como a água sobre a água na golfada hirsuta das doações-debaixo-das-crisálidas-lucíferas: acolher o utensílio mais espesso da antiguidade nas sibilas planetárias para iluminar a sufocação dos pequeníssimos rios na turfa musical dos pousios: os abalos das florações nocturnas rastejam uníssonos nos arcos-de-canela-expansiva, os fungos violentos certificam as barcas culminantes nos embarcadouros-microbianos que glorificam o esgotamento dos caudais nas escotilhas da luz: compensar o esgotamento das litanias nas inovações dos cruzamentos-quiméricos: proximidade extasiada do umbigo cosmopolita das povoações, uma constelação de cerejeiras urbanas aprova as correspondências das estátuas trágicas/pensativas/enamoradas de Rodin e os esguichos penetrantes dos MOCHOS-OFTALMOLÓGICOS conquistam as curvaturas ininterruptas da voluptuosidade dos caiadores: o lodo vulcânico estrangula as gigantescas transmudações das MARGENS-que-batem-nas-rosáceas-dos-peixes e o hermetismo vingativo das galerias entrechoca com os tímpanos sonâmbulos da germinação: hidratar lunarmente a ciência duma abelha nómada: turbilhão de lanhos selvagens nas carótidas das cidades-das-árvores, caminhos ininteligíveis acesos nos pulmões gravitacionais onde os espelhos das tangerinas uivam como uma plúmula vociferante nas garras metalúrgicas, mármores e candeeiros a deslocarem-se na boca medicinal do êxtase: as pétalas ressoantes das tecedeiras sublevam-se sobre as falhas das idades das espécies e a estação das flechas rompem as equivalências impressas na laranja da astronomia: os archotes da garganta primordial invadem os veios duma paragem de boomerangues celestes, a matéria da imobilidade demite-se nas vulvas sonâmbulas da calçada, as aves sinistras de Allan Poe enxutam as profundidades dos aposentos porque tentam copular os faróis das pedras do vocabulário: ociosa artéria da existência a pulverizar o galope dos casulos mediterrâneos para receber a convergência púrpura das mãos-de-todos-os-lugares: dorso FEÉRICO do mistério, ancas da FERTILIDADE da alucinação, púbis no embate-agrário imprimido pelos écrans da linhagem fogosa: o derrube amoroso das línguas destinadas ao odor geométrico das remadoras, mostruário da enumeração do profuso cereal, funduras portuárias varadas pelas tensões dos canais-quadriláteros: os assobios das ferraduras batem nos inextricáveis-olhos-das-sombras e as ramas dos fornos embarcam no nervosismo da terra para fosforescerem a exactidão dos organismos com a navalha urgente da baforada-entre-campânulas: equilíbrio crepitante das unhas-da-paleografia na compreensão dos vespões-sobre-o-mosto: o ar esculpido das omnívaras deseja cravar o olor dos iluministas na entoação dos galhos das línguas-mitológicas: as alavancas moribundas dos DONS rabiscam as direcções intercaladas dos cardos que bordam os tangos combatentes de Carlos Saura nos involuntários astros: _____________ soltar as fivelas da gnose das palavras sobre as apiculturas das ruas alegóricas: urtigas-enquadradas-na-sombra-órfã onde as sentenças das sépalas ensopam as acrobacias dos queixos-meteorológicos e os globos oculares esperaram as lareiras imponentes das raízes como lançadores anabólicos a vulcanizarem-se entre as tessituras dos coros gregorianos

 
LUIS SERGUILHA: Poeta, crítico. Autor de várias obras de poesia e ensaio. Participou em encontros internacionais de arte e literatura. Alguns dos seus livros: Embarcações (2004); A singradura do capinador (2005); Hangares do vendaval (2007); As processionárias (2008); Roberto Piva e Francisco dos Santos: na sacralidade do deserto, na autofagia idiomática-pictórica; no êxtase místico e na violent...a condição humana (2008); KORSO (2010); KOA’E (2011); Khamsin-Morteratsch( 2011); KALAHARI( 2013) estes seis últimos em edições brasileiras. Possui textos publicados em diversas revistas de literatura e arte. Criador da estética do LAHARSISMO e responsável por uma colecção de poesia contemporânea brasileira na Editora Cosmorama. Pesquisador da Poesia Brasileira Actual.

 Foi um dos Curadores do Encontro Internacional de Literatura e Arte: Portuguesia

Curador do RAIAS-POÉTICAS: Afluentes IBERO-AFRO-AMERICANOS de ARTE e PENSAMENTO