sábado, 11 de julho de 2009

Flashbacks da FLIP 2009(1)


































O evento do início do mês de julho levou a Paraty-RJ 35.200 pessoas que, segundo dados dos jornais que circularam e foram distribuídos durante a grande festa, compõe-se de 34 autores convidados, dos quais 15 estrangeiros procedentes de 09 países, mediadores para as 19 mesas organizadas em ampla diversidade temática, participação de oito editoras, além da ocorrência de eventos paralelos na Casa da Cultura e na Casa Azul, da FLIPINHA e da FLIP ZONA. Para esta mega-estrutura Paraty prepara-se numa mega-montagem de Tenda de Autores, Tenda do Telão, Tenda de Autógrafos, Tendas da Flipinha, Tendas da FlipZona, serviços de atendimento aos participantes, sugestão de hospedagens e outros serviços. Diz-se que há um retorno de cinco milhões para a economia da região.

Os ingressos para a Tenda dos Autores esgotam-se antes mesmo que o evento se inicie, criando-se a chance de se dirigir à Tenda do Telão ou, caso não se consiga, sentar-se às margens dos telões, nas suas beiradas, desta vez sob céu aberto com direito a chuva fina ou mesmo a intensa neblina durante quase duas horas que perduram as apresentações das mesas. Ainda tem-se a chance de desistências e venda de ingressos de última hora. Poucas, mas acontece. Tudo por amor às letras e à arte.

O homenageado desta vez é o grande poeta Manoel Bandeira. E para abrir a conferência, Davi Arriguci Jr, crítico literário e professor aposentado de Teoria Literária e Literatura Comparada da USP, com várias obras publicadas, entre elas, às dedicadas ao poeta, Humildade, Paixão e Morte (1990) e O cacto e as ruínas (1997). Há uma tradição de ler nos primeiros momentos da fala trechos ou pontos de destaque do texto que versará o teor da conversa, animada pela fácil comunicação que o convidado rapidamente desenvolve com sua atenta e silenciosa platéia.
Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus — ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não. Os versos de Manoel Bandeira ecoam e reverberam na animada prosa do conferencista que mais houvesse tempo, além das duas horas que lhe são facultadas, permaneceria entusiasmado a falar da simplicidade e leveza do poeta. Manoel Bandeira estava atento ao povo, sua poesia fala do chão, dos que estavam nas margens (2).

Notas:
1.Para atender a Mary e a Jonga que dizem sempre que preciso postar com mais freqüência, estou iniciando um relato meio apressado, sem muito criproco. Logo mais, passo a passo, recomeço a contar a lenda, no próximo post.
2.Duas fotos, a tenda do autor e a tenda do telão, numa delas vê-se a projeção da conferência do Davi Arriguci Jr. Vale a pena re-ouvir a exposição.

7 comentários:

Jonga Olivieri disse...

Fico feliz de saber que os meus apelos (e os da Mary) estão sendo atendidos.
Quer dizer que você esteve no FLIP?
O meu amigo Antônio Torres sempre vai. Deve ter estado lá, porém, se foi, foi meio que de rompante, pois estava organizando a sua Oficina (aquela que anunciei no meu blogue), que começou dia sete deste mês.
Mas no próximo me avise para que vocês se encontrem lá.
O Torres é uma figura humana ímpar.

Stela Borges de Almeida disse...

Houve uma mesa com a presença de Domingos de Oliveira, lançamento do novo livro dele e do filme "Separações". Com tempo vou comentando o material que fui tentada a adquirir, não são poucos os livros lançados e as novas amizades. Sobre o trabalho de Antônio Torres ainda não conheço, mas se está no seu blog, vou consultar. E vamuquivamu!

Jonga Olivieri disse...

O Torres é baiano.
E me chamava de "capitalista" quando trabalhamos juntos, porque ele dizia que eu era da capital (Salvador).
Segue abaixo o site dele:

http://www.antoniotorres.com.br/

Anônimo disse...

Stela,
Ontem li em um colunista do JB Ideias a satisfação pelo encerramento da FLIP e o anuncio de um outro evento literário em outro local
do Brasil logo mais que, segundo ele, é muito superior àquela. Você sabia disso?
Beijo, Pedro

Stela Borges de Almeida disse...

Essa Terra do Antonio Torres está na 23a edição e seu pos-fácio assinado por professora de Literatura Brasileira da Universidade de Lisboa. Jonga você é o baiano-mineiro-carioca mais bem informado do pedaço, onde estiver sabe notícias dos baianos da Terra. Ainda não lí o livro, preciso de dias de mais horas, mas estou lendo outro livro de um amazonense, o Milton Hatoum, A cidade ilhada, que por sinal estava numa mesa com o Chico Buarque na Flip. Tem muita gente da terra brasilis escrevendo e escevendo bem.

André Setaro disse...

Tenho um profundo respeito e admiração pelo Professor Davi Arriguci Jr, um homem erudito na mais exata concepção do vocábulo. Uma vez, em São Paulo, soube de uma palestra sua na Cinemateca Brasileira, e fui ouvi-la. O Professor (este em P maiúsculo mesmo) falou durante mais de duas horas sobre a importância de "O homem que matou o facínora"/"The man who shot Liberty Valance", 1962), de John Ford. Fiquei, esta a palavra, simplesmente estupefato.
Rigoroso em suas análises tem, no entanto, uma grande facilidade de falar coisas profundas numa prosa exuberante. Não é destes que procuram a obscuridade para que se façam parecer profundos.

Gosto muito de Domingos de Oliveira, tanto de seus filmes como de sua visão de mundo, filosofia de vida.

Stela Borges de Almeida disse...

Lembro que durante o curso de cinema no casarão da esquina do Largo do Rio Vermelho, você Setaro, nos enviou pela lista online textos sobre os filmes selecionados, para nos familiarizar com o assombroso Alfred Hitchcock e levou-nos a consultar um ensaio do Davi Arriguci Jr "Cadáver com batatas e molho inglês". Um primor de texto, com estilo e arguta observação dos detalhes que escapam aos desavisados. Aliás é bom que se diga que seu curso foi um dos melhores eventos do ano de 2007/2008 e que ainda estamos em tempo de não deixar 2009 sem continuidade. Ou não?