domingo, 17 de maio de 2009

Mostra Claude Santos (1)

Folheando os títulos da Coleção de Inéditos de Roland Barthes encontramos várias comunicações, notas, resenhas e inquietações deste que foi, além de um especialista da linguagem, um interessado e curioso pela linguagem visual. A certa altura dos seus ensaios, especificamente numa conferência internacional sobre a informação visual, em meados dos anos sessenta, Barthes afirma que apesar de vivermos cercados e impregnados de imagens quase nada sabemos delas.

O que é, o que significa, como age, como comunica, quais os seus efeitos prováveis e imagináveis, quase nada sabemos, diz êle. De sessenta pra cá, produziu-se muito neste âmbito. Permanece, porém, a descoberta de que, no dizer de Barthes, tanto a imagem como a palavra, são formas de dizer de imediato alguma coisa. Nada posso fazer, sou obrigada a ir ao sentido, pelo menos a um sentido que se impõe diante de dada realidade.

As fotografias de Claude Santos falam. Dizem da condição humana,
da solidão, da leveza, da beleza, da poesia e de tantas outras dimensões humanas. Como beleza se mostra, não se diz, adverte-nos Barthes, Claude nos apresenta a seguir, imagens dos audiovisuais comentados no texto anterior.
Nesta sequência, uma das imagens encontradas em Luzes, Cinco Retratos Esquecidos, Canudos e Noiva. Assim contemplando, respiramos melhor, bebemos o que Baudelaire chamava de ambrosia vegetal ( Cf. Roland Barthes, 1977).








5 comentários:

Anônimo disse...

Li, vi e gostei.
Estou aqui.
Por que seu mundo afetivo é mais virtual?
Impossivel demonstrar carinho...
Flavia

Stela Borges de Almeida disse...

Filha querida, Flavia. As fotografias sempre revelam e nos expõem. Irei trabalhar com as imagens da AnaBeatriz, prometo que as brincadeiras dela, em seus dois anos, serão inteiramente observadas por mim. Adorei seu gesto de carinho ciumento. Vamos assistir qual filme infanto-juvenil com ela?
Mami te ama muito.

Jonga Olivieri disse...

As fotos falam muito de Claude e de seu universo criativo de grande força de expressão.
A primeira, aquela da mulher acendendo o cigarro é fantástica.
Idem a segunda com a sombra marcada no rosto em gênero "quase terror", algo que me remeteu à Criatura de Mary Shelley.

Stela Borges de Almeida disse...

A última foto fala de movimento, leveza, de passos, de sonhos, está no audiovisual A Noiva.

André Setaro disse...

A segunda foto, em preto e branco, lembra um filme do expressionismo alemão assinado por Murnau, Pabst ou Fritz Lang. Claude Santos joga com os efeitos provocados pela luminosidade e pela escuridão, luz e sombra, portanto. A última é uma tentativa de registrar o movimento numa fotografia. O fato é que Claude Santos é um fotógrafo de mão cheia.