sexta-feira, 5 de novembro de 2010

memórias




















(...) Seu nome significava Rosa Negra em persa, mas até onde eu podia avaliar, ninguém nas margens das quais ela mergulhava feliz no mar, e nenhuma das suas colegas no liceu francês, sabia disso_ porque seus cabelos longos e brilhantes não eram negros, mas castanhos, e seus olhos um tom apenas mais escuros. Quando eu engenhosamente lhe disse isso, ela ergeu as sobrancelhas como sempre fazia quando ficava séria de repente e, projetando os lábios só um pouco, disse que era claro que ela sabia o que seu nome significava, e que no caso dela era uma homenagem à sua avó albanesa. (...) Da forma como observara outros fazerem, abracei-a, e depois puxei-a para perto, como que por instinto, e reparei que os seus cabelos cheiravam a amêndoa. Eu adorava os pequenos movimentos dos seus lábios quando ela comia e a maneira como ela ficava parecida com um esquilo quando alguma coisa a inquietava"

trechos transcritos do Primeiro Amor de orhan pamuk, livro: istanbul_memória e cidade, são paulo:companhia das letras, 2007

imagem reproduzida do arquivo ara güller, allah old mosque, edirne, 1956.

Nenhum comentário: