sábado, 18 de junho de 2016

Festival Varilux de Cinema Francês 2016




Festival Varilux de Cinema Francês 2016

De 8 a 22 de junho de 2016, em  cinquenta cidades  do Território Brasileiro, o Festival Varilux de Cinema Francês, traz a público  quinze filmes nas diferentes salas de arte e espaços culturais, entre eles, Salvador-Bahia.

Coincidentemente, neste mesmo período,  o Curso de Francês do Núcleo Permanente de Extensão em Letras da Universidade Federal da Bahia (http://nupel.ufba.br) terminou o primeiro semestre após uma maratona de aulas semanais que exigiram dedicação e preparação para as avaliações finais orais e escritas. 

Um bom motivo e uma chance de assistir, provocar e motivar os colegas para assistirem, e se possível, desfrutar dos quinze filmes que constam na programação deste festival que interessa aos cinéfilos e estudiosos da filmografia de produção francesa.

Com este propósito, convidamos o Professor Lucas Silva para participar nesta edição do Blog: Cultura, Política e Cinema, trazendo seus comentários dos filmes assistidos e sua sensível e articulada percepção da função do cinema francês na contemporaneidade.
Esta postagem apresentará os comentários de alguns filmes exibidos e assistidos no festival, sem distinção de méritos e grandeza da filmografia. O critério de escolha além de aleatório, deu-se pela oportunidade de acesso aos cinemas nos horários mais adequados às nossas atoladas agendas de compromissos. 

Primeiramente, Agnus Dei (Les Innocentes) e La Vanité (La Vanité) sob a minha lente de cinéfila, sem carteirinha, porém estudiosa e amante da sétima arte.
 Lolo, o filho da Minha Namorada (Lolo)  por Lucas (  que enviará em breve seus comentários via e-mail, acrescido de outro filme da sua preferência). 

A seguir:

AGNUS DEI ( Les inocentes)
 (Les Innocentes, França, 2016, 115 min) Dir. Anne Fontaine
Polônia, dezembro de 1945. Mathilde Beaulieu, uma jovem médica da Cruz Vermelha encarregada de tratar sobreviventes franceses antes de serem repatriados, é chamada para socorrer uma freira polonesa. Relutante no início, concorda em ir ao convento, onde trinta freiras Beneditinas vivem afastadas do mundo exterior. Mathilde descobre que várias freiras, que engravidaram em circunstâncias dramáticas, estão a ponto de dar à luz. Aos poucos, surge entre a ateia e racionalista  Mathilde e as freiras, ligadas às regras de sua vocação religiosa, relações complexas que aguçadas pelo perigo as tornarão cúmplices para um novo encontro com suas próprias vidas.

A direção de Anne Fontaine traz uma narrativa histórica e dramática de um tema que vem sendo abordados em vários fóruns e movimentos feministas relacionados às mais diferentes formas de   violência à mulher, do aviltamento das condições e especificidades de vida das mulheres e violação dos direitos humanos. A invasão do exército alemão e russo nos conventos beneditinos mostram a truculência do poder masculino frente à condição feminina e religiosa.

O filme mostra cenas da vida cotidiana das freiras voltadas para meditações e orações, sendo obrigadas a enfrentarem  as consequências dos abusos de violação das suas sexualidades. A gravidez resultante dos estupros são enfrentamentos que as freiras precisam resolver. A temática do filme é atual, complexa e repleta de emoção e indignação. As cenas do nascimento das crianças são plenas de sutilezas e apreensões. Algumas daquelas freiras rejeitam suas crias resultantes de coitos violados. Outras a acolherão deixando falar mais alto seus sentimentos ocultos de maternidade.

O dilema religioso da fé sofre conflitos e tensões entre a vida de crianças que foram geradas sob o estigma da violência e que por isso não foram desejadas e o impulso materno que brota em algumas das religiosas violentadas. 

A solução final do filme apresenta a médica francesa trazendo  para o convento crianças abandonadas encontradas nas cercanias, de modo que as religiosas passarão a cuidá-las, sejam paridas de seus próprios ventres violados, sejam merecedoras dos cuidados e afetos maternos. Uma fotografia cuidadosa, com planos externos na neve de rara beleza de luz e sombras, torna além da reconstrução histórica da temática valiosa, o filme da Anne Fontaine imperdível!

La Vanité ( La Vanité)
Com: Patrick Lapp, Carmen Maura, Ivan Georgiev
David Miller decide dar fim a sua vida. Para isso, esse velho arquiteto doente, recorre a uma associação de suicídio assistido. Mas Espe, a atendente da clínica, não parece estar muito a par do procedimento, enquanto David Miller tenta de todo jeito convencer Tréplev, prostituto russo do quarto ao lado, a ser testemunha do seu último suspiro, como a lei exige na Suíça. Durante uma noite, os três vão descobrir que a afeição pelos outros e talvez o amor sejam os únicos sentimentos que realmente persistem.
Distribuição no Brasil: Supo Mungam
2015 - Comédia dramática - 1h15

Este filme é surpreendente. Ao tratar do tema da eutanásia o faz através de uma narrativa do imprevisto, criando situações de perplexidade quanto ao ritual a que estão submetidos os que se dispõem a tirar sua própria vida. Nada no filme é usual. A começar pela personagem excêntrica representada por Carmem Maura, atriz espanhola, que aparece com frequência nos filmes de Pedro Almodóvar. E o comportamento do prostituto russo, disposto a prestar seus serviços profissionais, até mesmo numa ação extrema como o de colaborar com alguém que quer tirar a sua própria vida. 

Vale assistir, não é todo dia que temos chance de refletir sobre a temática da eutanásia. E, até mesmo, aprender que “kaput”, palavra usada várias vezes pelo velho arquiteto doente, parece significar que tudo está quebrado, até mesmo suas molestas condições de vida. Kaput!! 

P.S_um agradecimento especial a Edith Meric que do alto do seu saber sobre movimentos _gyrotonic e gyrokineses_ está nos ensinando a dimensão do corpo vivo e sabe muito bem dizer  o significado de kaput!


 Festival Varilux de Cinema Francês. Junho 2016. Foto: Flavia Riggle.

sábado, 4 de junho de 2016

"A mulher e a democracia" no Teatro Vila Velha


O Blog Cultura, Política e Cinema está novamente ativo após um tempo de trabalho em outra modalidade de mídia.


Retomamos com a chamada para participação do tema "A Mulher e a Democracia" que será apresentada no debate com a cineasta Anna Muylaert. 


Confira abaixo as informações do Blog Teatro Vila Velha.

"A Mulher e a Democracia" é tema da terceira edição do Palco Aberto.


Participam do debate Anna Muylaert, diretora do filme "Que horas ela volta?", a educadora Makota Valdina e a deputada Alice Portugal, além de artistas 

Roteirista e diretora Anna Muylaert é uma das participantes do debate

Na próxima segunda-feira, 6 de junho, às 19h, acontece a terceira edição do "Palco Aberto", evento criado pelo Teatro Vila Velha para debater o Brasil agora. Com o tema "A Mulher e a Democracia", o debate recebe a roteirista e diretora Anna Muylaert, reconhecida pelo premiado filme "Que horas ela volta?"; Makota Valdina, educadora e ativista política; e Alice Portugal, deputada federal. No evento, as falas são intercaladas com discursos feitos em forma de teatro e música. Será apresentado fragmento da peça "Somos Todas Clandestinas", que discute o aborto; performance de Laís Machado, atriz do grupo Teatro Base; além de interpretadas músicas por atrizes da universidade LIVRE do teatro vila velha. 

Assim como nas edições anteriores, o microfone também permanece aberto, ao final do debate, para pessoas do público que queiram se expressar. As próximas edições do Palco Aberto acontecem nos dias 13 e 20 de junho, segundas-feiras, sempre às 19h, no Teatro Vila Velha. O evento é gratuito e aberto ao público, e também será transmitido ao vivo pelo portal da TVE, através do link www.tve.ba.gov.br/palcoaberto.

Primeira edição do Palco Aberto

 Assim como faz agora através do "Palco Aberto", o Teatro Vila Velha já abriu as suas portas para inúmeros debates. O Vila sempre foi um espaço de defesa da liberdade, desde a sua inauguração, em 31 de julho de 1964. Nos anos 1970 e 80, o teatro acolheu artistas e estudantes perseguidos pelo regime militar, abrigou encontros do movimento estudantil e foi sede da Anistia Internacional. No palco do Vila foram julgadas e aprovadas as anistias políticas do cineasta Glauber Rocha e do guerrilheiro Carlos Marighella. Em 2012 e 2013, abrigou o Movimento Desocupa, contrário aos abusos feitos pela administração municipal e, junto a ele, realizou o projeto “A Cidade que Queremos”, que discutia o futuro de Salvador. Mais tarde, também em 2013, apoiou o Movimento Passe Livre, que tinha o Passeio Público como quartel general.

Serviço

PALCO ABERTO
Tema: A Mulher e a Democracia
Participantes: Anna Muylaert, Makota Valdina, Alice Portugal, Somos Todas Clandestinas, Laís Machado (Teatro Base), universidade LIVRE do teatro vila velha
06/06, segunda-feira, 19h
Gratuito
Teatro Vila Velha