segunda-feira, 30 de maio de 2011

SÓ A EDUCAÇÃO SALVA

NOTA: vale ler o artigo divulgado hoje sobre a tragédia que vivemos no cotidiano, a seguir.

De: Jorge Werthein
Data: 30 de maio de 2011 09:10:44 BRT
Para: undisclosed-recipients:;
Assunto: artículo de hoy publicado no O Globo
OPINIÃO - ARTIGO
O Globo | Opinião | Link

Só a educação salva

Rio de Janeiro, BR - segunda-feira, 30 de maio de 2011
JORGE WERTHEIN e MIRIAM ABRAMOVAY
A tragédia na Escola Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio de Janeiro, chama a atenção para um fenômeno que vem ocorrendo há muitos anos nas escolas brasileiras: violências de vários tipos. As notícias são reveladoras. Uma professora, no mesmo dia do massacre, ameaçou os alunos com a seguinte frase no quadro-negro: "Fiquem quietos, caso contrário, usarei minha AR-15, de 3,5m de cano, que está em minha bolsa. A arma é automática..." Na Bahia, policiais encontraram armas em mochilas de estudantes. Em Santa Catarina, direção e professores de unidade da rede estadual relatam que um adolescente de 12 anos vem causando transtornos por meio de ameaças e agressões. Ou seja, temos nas nossas escolas violências físicas, verbais, racismo, discriminações, entrada de armas, furtos, violências sexuais, que já fazem parte do cotidiano.
Mas é evidente que Realengo foi a que nos deixou dores mais profundas e também algumas lições. Uma delas revela-se ao nos determos no passado do responsável pelo ataque criminoso que tirou a vida de 12 crianças. As investigações indicam que ele foi vítima de bullying na infância, quando era estudante da mesma Tasso da Silveira, na qual, anos mais tarde, entraria para matar e morrer. Esse tipo de violência acontece frequentemente e pode provocar traumas irreversíveis em suas vítimas. É o que se denomina de microviolência e, na maioria das vezes, passa despercebida pela instituição e nem sequer é considerada como problema.
Há décadas, pesquisadores de várias partes do mundo e do Brasil vêm alertando para a importância de se prestar mais atenção ao fenômeno das violências nas escolas, especialmente a violência intramuros, ou seja, entre estudantes e entre estes e seus professores e outros membros da comunidade escolar. Está provado que o chamado clima escolar prejudica o processo de ensino e aprendizagem e torna as escolas mais vulneráveis.
A solução do problema passa pela ação conjunta de familiares, educadores, governo e sociedade civil, inclusive meios de comunicação. Todos têm sua parcela de contribuição para a formação de meninos e meninas, adolescentes e jovens dentro e fora do ambiente escolar. Os projetos de Convivência Escolar podem vir a mudar situações de violência e as estratégias de intervenção, ao incluir diagnósticos para conhecer a realidade das escolas e tratar de modificá-la. Esses projetos precisam sair do papel, de preferência dentro de um espectro mais amplo, que contemple também o entorno da escola, famílias, vizinhos, polícia. A violência é um fenômeno globalizado, mas costuma ser mais comum em sociedades desiguais, excludentes, menos comprometidas com princípios éticos. Assim, enfrentar a violência envolve enfrentar também desigualdades, discriminações, arbitrariedades, injustiças.
A repressão geralmente aparece como solução mágica, instantânea, em momentos de elevada tensão. No entanto, ela não resolve os problemas internos da instituição escolar. Medidas preventivas, com compreensão e abordagem mais profundas, poderão ter maior efeito no longo prazo. Incluir a questão da violência nas escolas nos cursos de formação de professores, implementar nas escolas programas de mediação que, entre outras ações, promovam o diálogo entre os principais atores do processo educativo e trazer os pais para um diálogo mais sistemático com as instituições de ensino são estratégias que poderiam favorecer uma nova cultura escolar, transformando o cotidiano de risco em cotidiano protetor. Em um ambiente acolhedor, será mais difícil o desenvolvimento de psicopatias e sociopatias. A repressão só faria sentido se tudo o mais falhasse, inclusive a educação como valor.

MIRIAM ABRAMOVAY é socióloga.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Filmografia Africana_PROGRAMAÇÃO

SALA ALEXANDRE ROBATTO – DE 20 A 26 DE MAIO Endereço: Rua General Labatut, 27 – subsolo da Biblioteca Pública dos
Barris


Meninos da África
Dois momentos da filmografia africana guardam em comum os seus jovens protagonistas diante dos conflitos sociais e históricos do continente.

Apoio: Cinemateca da Embaixada da França no Rio de Janeiro. Entrada franca

14h30
As Ruas de Casablanca (Ali Zaoua, prince de la rua,
França/Bélgica/Marrocos, 2000)
Direção: Nabil Ayouch.
Elenco: Hichan Moussoune, Mnounïm Kbab, Mustapha Hansali e Saïd
Taghmaouï. Duração: 90 minutos.
Classificação: 14 anos


17h
Tabataba (França/Madagascar, 1987).
Direção: Raymond Rajaonarivelo.
Duração: 79 minutos.
Elenco: François Botozandry, Lucien Dakadissy, Soatody, Soavelo,
Rasoa, Philippe Nahoun e Jacky Guedan.
Classificação: 14 anos

Sinopse - Em 1947, os habitantes da aldeia de Tanala na costa Este de
Madagáscar, participam de revoltas na grande revolta contra a
colonização francesa. A história da insurreição e da sua repressão é
recriada através dos olhos de Solo, jovem rapaz para quem a vida
cotidiana e a infância não serão nunca transtornadas.



SALA WALTER DA SILVEIRA – PROGRAMAÇÃO DE
27 DE MAIO A 2 DE JUNHO/2011 SALA WALTER DA SILVEIRA
Endereço: Rua General Labatut, 27 – subsolo da Biblioteca Pública dos Barris

Estreia 18h
Cuba, uma Odisséia Africana (Cuba, une Odyssée Africaine, França,
2007).
Direção: Jihan El Tahri
Documentário
Duração: 190 minutos.
Classificação: 10 anos
Entrada franca
Apoio: Cinemateca da Embaixada da França no Rio de Janeiro


Sinopse
- Os soviéticos queriam prolongar sua influência a um novo
continente, os Estados Unidos aspiravam se apropriar das riquezas naturais da África, os antigos Impérios sentiam escapar sua potência colonial e as jovens nações defendiam sua independência recentemente adquirida.Contra o capitalismo, o socialismo ou o colonialismo, estes povos que dispõem, pela primeira vez, do seu próprio país constituem uma espécie de terceiro bloco e combatem em nome de um novo ideal: o internacionalismo como arma para assegurar a independência nacional.Todos os jovens revolucionários africanos, como Patrice Lumumba, Almicar Cabral oAgostinho Neto chamam os guerrilheiros cubanos para lhes ajudarem em sua luta. E a Cuba de Fidel Castro exerce um papel central na nova estratégia ofensiva das nações do terceiro mundo contra o colonialismo dos novos e antigos impérios.
Esta guerra dita "fria" e seus conflitos "por procuração", desde a epopéia tragicômica de Che Guevara, no Congo, até o triunfo da batalha de Cuito Cuanavale, em Angola, Cuba, uma Odisséia Africana conta a história destes internacionalismos cuja a saga explica o mundo atual:eles ganharam todas as batalhas, terminaram por perder a guerra.


De 3 a 9 de junho
Novos documentários africanos. Com o apoio da Cinemateca da Embaixada da França no Rio de Janeiro, estreiam em Salvador dois documentários inéditos no Brasil que lançam nova luz sobre osproblemas e a riqueza natural e cultural do continente africano.

Entrada franca/ Apoio: Cinemateca da Embaixada da França no Rio de Janeiro


Programação
3 a 9 de junho
19h

Atlânticos (Atlantiques, FRA/SEN, 2009)> Direção: Mati Diop.
Documentário
Duração: 15 minutos.
Classificação: 10 anos

Sinopse - À noite, em volta da fogueira num acampamento, Serigne, um jovem de Dakar (Senegal), conta aos seus amigos sua odisséia de clandestino embarcado. Eles ficam desconcertados e se surpreendem com sua coragem, que o conduziu a enfrentar o oceano Atlântico e a morte. Todos escutam aquele que escapou do perigo sem entender perfeitamente o que o levou a embarcar para a Europa, onde a sobrevivência é mais fácil, mas parece ser inalcançável.


Sob as Brumas da Floresta
(Les Brumes de Manengouba, FRA/CAM, 2007)
Direção: Guillaume de Ginestel.
Documentário.
Duração: 52 minutos
Classificação: 10 anos

Sinopse - Em Camarões, no coração do mundo perdido, os habitantes e oscientistas lutam par preservar uma densa floresta tropical cheia de espécies endêmicas de plantas.Um descobrimento recente desvendou um dos escassos santuários, nos quais os habitantes são grandes macacos chamados Drills, uma espécie que deve ser protegida na África. Dentro da encantadora região, descobrimos a riqueza da flora e encontramos uma tribo indígena que luta incansavelmente para preservar sua região dos perigos da floresta.

Nota: Reenvio para os(as) amigos(as) a programação das Salas Walter da Silveira e Alexandre Robatto que foi-me enviada por ADOLFO GOMES, responsável pela sempre cuidadosa seleção de filmografias clássicas e valiosas para apreciação da sétima arte.

sábado, 7 de maio de 2011

site: www.josecalasans.com.br











Nota: Para consulta, estudos e pesquisas, clicar no site www.josecalasans.com.br.



Um bravo combatente

Povoado do Belo Monte, antigo Arraial de Santo Antônio dos Canudos, foi destruído pelas forças republicanas nos primeiros dias de outubro de 1897.

Em 1947, quando das rememorações do cinqüentenário da Guerra de Canudos, o vilarejo, reconstruído no início do século XX sobre as ruínas do arraial conselheirista, recebeu a visita de Odorico Tavares e Pierre Verger. Ambos, jornalista e fotógrafo, fariam uma reportagem para a revista O Cruzeiro que seria um marco nos estudos canudenses. Nela são apresentados os primeiros depoimentos dos sobreviventes do conflito.A História começou a registrar a voz dos vencidos.

Pouco tempo depois, em 1950, José Calasans Brandão da Silva iniciou estudos para elaborar uma tese que privilegiasse a tradição oral sobre a Guerra de Canudos, a vida de Antônio Conselheiro e o Povoado do Belo Monte. Para realizá-la, foi ao sertão, conversou com sobreviventes e compilou preciosas informações que abririam novas veredas para pesquisas sobre o tema.

Com a reportagem de Tavares e Verger e as investigações de José Calasans iniciou-se a oralidade da tragédia sertaneja, até então ofuscada pela grandeza literária do livro Os sertões, de Euclydes da Cunha.

Hoje, mais de cem anos depois da destruição do Arraial de Canudos, dispomos de informações que contemplam os dois lados da bárbara peleja. E muito devemos aos estudos do Professor José Calasans. Suas pesquisas, além de esclarecerem inúmeros episódios da Guerra, tiraram das coxias dos palcos da História as pessoas que ali, às margens do Rio Vazabarris, ouviam ao entardecer as prédicas e conselhos de Antônio Conselheiro.

Armado apenas com a obstinação e paciência do historiador, José Calasans entrincheirou-se nos escombros do arraial conselheirista e foi um dos seus mais bravos defensores.

Claude Santos
Fotógrafo e estudioso da Guerra de Canudos.